segunda-feira, 11 de julho de 2016

O Hábito e o Monge

Um dito popular, muito lembrado no Brasil, afirma que “não é o hábito que faz o monge”; uma referência aos religiosos católicos que usam vestes diferentes, de acordo com suas congregações. Mas a frase vai muito além do catolicismo fazendo inferência aos trajes de qualquer indivíduo e afirmando que esses não determinam sua retidão, honradez, capacidade intelectual e dedicação. Mesmo que repitam a frase com insistência, a verdade é que as pessoas continuam a acreditar que, necessariamente, o hábito determina quem é o monge. Uma pessoa com roupas novas, passadas, barba feita e sapatos lustrados tem acesso permitido, mais facilmente, em diversos setores, e será mais facilmente contratado para os melhores cargos que aquela que, por ventura, não esteja nessas condições. Alguns órgãos públicos não permitem o acesso de pessoas vestindo camisetas, bermudas, calçando chinelos de dedos ou descalças, acreditando que em determinados recintos as pessoas devem vestir-se “de acordo com o ambiente”. Entretanto, esse “de acordo” é de acordo com o pensamento daquele que entende que o “hábito faz o monge” e que a parte exterior expressa algo do íntimo das pessoas. Aliás, padres e pastores não celebram suas missas sem as devidas indumentárias, como se essas os aproximassem das vontades dos seres divinos; assim como juízes, promotores e advogados insistem em realizar julgamentos populares envoltos em capas pretas, como se essas os aproximassem mais do sentido de justo ou da essência do direito. Da mesma forma são os deputados e senadores se vestem de terno e gravata como se assim estivessem mais próximos da vontade do povo que, por sua vez, dificilmente se veste de tal maneira. De outro lado, alguns intelectuais, cientistas e artistas acreditam que devem deixar suas barbas e cabelos crescidos ou pintados de forma diferente - alguns mudam as vestes – tentando, com isso, se diferenciarem dos outros, como se assim expressassem mais aquilo que querem ou que pensam. Isso remonta os períodos mais antigos e medievais em que as túnicas determinavam as origens sociais e públicas de cada um; ou, com o surgimento do capitalismo em que a burguesia enriquecera, mas sem importância dentro da sociedade, fazia-se necessário a ostentação com vestes riquíssimas e jóias para assim serem aceitos entre os nobres.

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