sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
Dom Paulo, Um Humanista
Quem viveu ou estudou os fatos históricos dos anos 60 e 70 no Brasil, com perseguições, torturas e mortes a todos aqueles que contrariavam o sistema político, econômico e social vigente, sabe quem foi Dom Paulo Evaristo Arns. A relevância desse catarinense, nascido em Forquilhinha (sul do Estado, em 1921), foi muito além dos seus estudos de Letras e Teologia na Sorbone, em Paris, o seu destaque está nas lutas pela defesa dos menos favorecidos.
Logo que se ordenou bispo pôs-se ao trabalho social na criação das chamadas pastorais sociais, grupos de católicos que se organizam nas capelas e paróquias e lutam política e economicamente junto à população deserdada socialmente. No momento mais difícil da historia brasileira, chamado de ‘tempos de chumbo’, ele enfrentou os poderosos do País e fez da sua igreja, a catedral da Sé, em São Paulo, um front de defesa da democracia e combate aos desmandos.
Quando o preso político, jornalista Vladimir Herzog, apareceu enforcado na prisão e os seus algozes declararam suicídio; surgia um problema, pois, de acordo com uma antiga tradição católica e judaica, os suicidas não devem receber cerimônia fúnebre. Dom Paulo, juntamente com o rabino Henri Söbel (Herzog era judeu), fez uma grande cerimônia fúnebre ecumênica que ocupou toda a Praça da Sé, no centro de São Paulo, e declarou que Herzog fora sim, assassinado.
Entre 1979 e 1985, juntamente com o pastor presbiteriano, James Nelson Wright, e o rabino Zobel, comandou uma comissão, encarregada de produzir um relatório de tudo o que ouviam de familiares dos presos políticos e que a imprensa estava proibida de noticiar, como prisões arbitrárias, torturas e desaparecimentos de toda a ordem. No final do período, quando o Brasil se abria politicamente e se lutava por Diretas Já, os três sacerdotes publicaram o longo relatório em forma livro com o nome, Um Relato Para a História; Brasil: Nunca Mais.
Desde muito cedo Dom Paulo Evaristo Arns fez a opção pela devesa dos mais injustiçados da sociedade e, por isso, seguiu o caminho pela Teologia da Libertação, uma visão teológica que mostra Jesus de Nazaré, como um lutador na defesa das pessoas mais humildes e fora assassinado exatamente porque mexeu na posição de alguns privilegiados. Para Dom Paulo, o cristão deve seguir o exemplo desse Jesus que combateu as injustiças, a miséria e os descasos.
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