quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O Fim do Capitalismo

O que alguns estudiosos da Política não têm percebido é que o modo capitalista de produção é daquelas estruturas que não morrem a partir de ataques externos, mas tem um tempo de maturação e, naturalmente, um tempo de enfraquecimento e morte. É comum que não se aceite o fim do capitalismo como algo natural; e, em geral, se acredita que todo o pensamento nesse sentido diz respeito às teorias marxistas e anarquistas, ou revolucionárias. Acontece que toda estrutura, por mais bem montada que pareça, trás no seu cerne a sua própria contradição; em outras palavras: tudo que existe vem do nada e caminha para o nada. Uma lei da natureza: tudo padece. Com um sistema econômico, político e social não é diferente: um dia a produção humana não foi pelo meio de investimento de capital e um dia não mais vai ser. Por outro lado, toda a tentativa de extirpar tal sistema econômico de uma sociedade, através de organizações operárias, de camponeses e todos os grupos de vanguarda, mostrou-se inócuo alguns anos após a efervescência revolucionária. Pelo contrário, o modo capitalista sempre se utilizou das suas próprias condenações, das próprias ofensivas para se reestruturar e estampar as lutas rebeldes como forma de alavancar ainda mais os seus ganhos. Mas se tudo na natureza padece, e com o modo capitalista não é diferente, como pode isso acontecer, já que o sistema tem um germe próprio que se adéqua diante das ameaças? Acontece que essa capacidade de adequação não extirpa as condições internas que levarão às pequenas mudanças, mas que, na grande quantidade, farão a mudança na qualidade. O modo capitalista conseguiu se fortalecer porque é um sistema que vai ao encontro do que existe de mais espúrio na alma humana, o individualismo, o solipsismo e, naquele período medível do seu surgimento, era o único caminho para ascensão social. Nos tempos atuais não há mais a necessidade real do ser, mas apenas do parecer; as pessoas não precisam mais serem ou terem algo, basta parecerem que são ou que têm: é possível comprar um carro muito caro e paga-lo em longas prestações; basta usar uma camisa com o símbolo de uma grande empresa fabricante para expressar que se pagou caro pela roupa. Ou seja: uma serie de contradições vividas pela economia nos tempos atuais assinalam que as bases do modo capitalista de produção vêm ruindo a olhos vistos. Isso não quer dizer que num determinado momento o sistema atual cai e, no dia seguinte, haverá um outro em seu lugar. Não. Numa continua readequação, o regime atual dá lugar a um modo de pensar o econômico, político e social.

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