sexta-feira, 26 de maio de 2017

Da Liberdade

Da Liberdade Os pensadores existencialistas do século 20 afirmavam que "o homem está condenado a liberdade"; isso porque, a todo instante, consciente ou inconscientemente, é levado a tomar decisões. É verdade em parte, pois poderia se perguntar: as decisões foram livres? Afinal, a decisão tomada, por si só, ja define a liberdade? Ou ainda: qual foi, nessa ação, a manifestação da consciência? Acontece que se a razão é o grande instrumento humano de defesa e manutenção da existência - da elaboração de toda a ciência, de todas as teorias - há que se lembrar que, em alguns pontos, ela possui nós que impedem seus entendimentos. Pontos que, por mais que se busque, não há avanços, não há elaboração de conhecimentos, como é o caso da tentativa de explicar o tempo, o espaço, o agente e a liberdade. O pensador alemão, Emanuel Kant, chamou isso de "antinomias da razão". Quando alguém decide por "a" em vez de "b", mesmo que sua decisão, aparentemente, não tenha a determinação de outro no processo, mesmo que não haja alguém dizendo para que se tome essa ou essa decisão, pode-se não estar sendo livre. Ora, tudo que se faz é decidido pela vontade, quer seja daquele que tem a vontade ou daquele que executa. Caso a ação fora feita por aquele que teve a vontade se diz que houve liberdade. Mas essa vontade pode ser dirigida, pode não ter autonomia. Nesse caso o indivíduo pode ser induzido por uma ideologia política ou por preceitos religiosos. Pode também ser determinada por medo, por ambições, por necessidades criadas pela economia e uma série de outros situações. As pessoas gostam de se dizer livres, mas em geral, estão muito distantes daquilo que se poderia chamar de liberdade, por não perceberem a complexidade do conceito que transita pelas dobraduras do real. Nas relações humanas modernas, com seus pensamentos de uso da razão, a noção de liberdade ficou cada vez mais obscura e de difícil entendimento. Se não impossível. Em geral as pessoas deixam de fazer aquilo que de fato querem, deixam de dar autonomia às suas vontades por previdência; ou seja: medo de que aquilo que buscam pode levá-los a situações de sofrimento, de mais insegurança e de frustrações. Afinal, se a previdência é o vislumbre de um sofrimento futuro que leva ao medo há, portanto, a uma alteração da vontade. E havendo uma direção da vontade não há liberdade.

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