sexta-feira, 19 de maio de 2017
Guerras e Transformações
Todas as pessoas, em boas condições mentais, defendem um estágio social de não guerra. Ninguém, em sã consciência, quer uma situação de mortes por todos os lados, de deportações, de torturas e o som ensurdecedor das explosões que eliminam milhares de homens e mulheres, crianças e velhos. Todos são contra a guerra. Mas, para fazer uma análise dessa natureza, é preciso levar em conta que não existe um estágio pleno de paz, de completa harmonia.
Alguns defendem com veemência um estágio de não guerra já que são adeptos de uma corrente de pensamento chamada de pacifismo, o que é louvável; alguns acreditam mesmo na possibilidade de um momento em que se viveria em plena harmonia, como em uma terra sem males. Por isso, qualquer análise sobre o fenômeno da guerra exige cuidado não só com o objeto, mas também com o método.
Em primeiro lugar é preciso dizer que sim, a guerra é um evento de intenso conflito entre os indivíduos, cruel e é o momento em que as relações políticas já se encerraram e as leis positivas já não dão mais conta de entendimentos e o que vige é a lei da selva: vence o mais forte. Em segundo, é mais que uma situação conflituosa, é momento de mudanças, de alterações de paradigmas, de novas relações, de desmontes das estruturas, de desfazer sistemas e reconstrução de novas linhas de ação.
Não se trata aqui de tecer apologias à guerra em si, mas de apontá-la como fenômeno natural e humano, necessário e inevitável, diante das relações sociais, como impulsionador das grandes transformações. Claro que paira aí um paradoxo: de um lado a crueldade, a prepotência e toda a sorte de desacertos e, de outro, o motor social dos grandes avanços e mudanças sociais.
Isso significa que as sociedades que não passaram por grandes lutas intestinas, ou com grupos estrangeiros e não viveram os conflitos próprios de um grande evento bélico, mantém em seu seio os conflitos, próprios das relações internas, com pessoas incapazes de perceberem o outro, falta de urbanidade e mesmo de pessoas sem a capacidade de percepção das suas próprias condições existenciais. A guerra, em sua crueldade, arranca boa parte dos preconceitos, dos maus hábitos e provoca nos indivíduos um pouco mais de entendimento de que todos a sua volta são pessoas com as mesmas necessidades que os demais.
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