quarta-feira, 24 de maio de 2017
Terrorismo, Conceito e Dominação
A comunicação é o que amarra as pessoas, umas nas outras, e forma o que se chama de sociedade. E é por ela que os indivíduos transmitem as sua angústias, os seus saberes e suas noções de verdade - tanto daquilo que acreditam, quanto daquilo que querem que acreditem. Sempre se disse que as pessoas precisam ser bem informadas pois a comunicação é fundamental para que se entenda o desenlace das coisas a sua volta.
O que é uma meia verdade, tendo em vista a complexidade do fenômeno da comunicação: as informações são importantes para a direção de um indivíduo, mas ela pode ser distorcida daquilo que aparece, conscientemente ou não. Dependendo da comunicação que perpassa a sociedade, pôde-se estar fazendo o jogo de um dos lados do conflito.
O conceito, por exemplo, é o sentido que se dá a uma determinada palavra e as pessoas dão os sentidos de acordo com suas ideologias, suas crenças, seus costumes etc.
Um exemplo disso é a palavra terror e sua extensão, terrorismo, um conceito carregado de desinformações e preconceitos quando usado para se referir às ações dos grupos islâmicos, por exemplo. Em outras situações também: na história do Brasil usava-se a palavra terrorista para designar aquelas pessoas, ativistas políticos, com posições políticas contrárias aos governantes que os perseguia.
Aliás, quando se aplica tal palavra, automaticamente está se posicionando em um dos lados do conflito; os jovens que combatiam os governos militares no Brasil dos anos 60 e 70 não se viam como terroristas, mas como brasileiros patriotas a defender a sociedade dos desmandos militares; a mesma coisa entre os povos islâmicos, a única arma de defesa que os ativistas religiosos encontram para combater os ataques de todas as bombas e domínios políticos e econômicos do Ocidente contra eles - matando homens e mulheres, crianças e velhos - é atacando também.
Ora, a complexidade da comunicação está exatamente no sentido que se dá aos conceitos, consciente ou não, de acordo com as vontades e os interesses de cada um. Isso quer dizer que a comunicação é sim a única forma de ligar os indivíduos, uns aos outros, mas precisa ser pensada também enquanto instrumento ideológico, já que essa sociedade pode ser coerente, livre de preconceitos, com indivíduos conscientes, sabendo para onde caminham, ou presos em interesses de alguns poucos espertos.
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