Se para um as mudanças acontecem dentro de uma naturalidade, de modo que tudo não passa de conhecimentos que se reelaboram, que se confrontam, transcendendo os fatos em si, para outro, são as ideias que se chocam e saltam dialeticamente, em continuas transformações, enquanto que para terceiro, as necessidades materiais é que entram em conflito com o sistema vigente e provocam a destruição do que está posto.
Acontece que essas noções chegaram ao senso comum como uma necessidade de mudança apenas pela mudança e passou-se a louva-la como tal, sem um nexo para que essas aconteçam. E aí, as pessoas passaram a cantar a mudança sem se perguntar o que deveria mudar e como deveriam ocorrer essas mudanças e os "slogans" se multiplicaram: "tente, invente, faça diferente".
O grande perigo quando um conceito é dito e repetido inúmeras vezes, é que se distancia do sentido e das nuances pensadas originalmente e toma rumos não só estranhos, mas contrários ao que se pretende. Certamente que todas as existência mudam constantemente e se faz necessário que se aceite como natural, mas entre entender como um fenômeno natural, e inevitável, e louvar as mudanças sem ter um porquê, um sentido, é muito diferente.
Se as mudanças são inevitáveis, se a roda da fortuna não para, convém que se saiba, ou pelo menos que se queira buscar algum entendimento no sentido de saber transitar por esse caminho. Com relação às transformações não se trata de querer, ou não, elas são inevitáveis, o que a existência de um ser dotado de consciência necessita é não impedir que as mudanças aconteçam.
Ao contrário, o que precisa é entendê-la para, se possível, conduzi-la como quem conduz um barco a deriva em alto mar e o faz seguir seu caminho. Em outras palavras: aceitar que as mudanças aconteçam não significa louva-las, sejam elas quais forem, ou aceita-las, seja lá quem for que esteja no controle. Na história é preciso ação firme dos indivíduos na constante reelaboração dessas mudanças.
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