segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Dadaísmo Político

O dadaísmo, uma corrente artística do início do século 20, se pretendia ser uma contra-corrente diante dos descaminhos que percorria a arte de então com a proliferação das inúmeras tendências que se pretendiam inovadoras, mas que se repetiam em si mesmas. 100 anos depois, parece que essa é a melhor expressão para os desmandos políticos e econômicos vividos, muito próximos do sentido que fora pensado em seu surgimento. 
Acontece que a arte é uma forma suprema de expressão, ligada diretamente com todas as outras, da ciência à religião, à comunicação, ao trabalho, assim como também com a política. Está ligada diretamente com a política porque o caminho que a arte segue é o movimento da história, no trilhar dos seus conflitos, das contradições,  das descobertas, dos avanços e dos retrocessos, e o faz como resposta aos anseios e às necessidades humanas.
Ora, o dadaísmo tem sua expressão máxima na origem da nomenclatura: "dadá", o balbuciar de um bebê, enquanto origem humana; e no caos, formado pela história política e social de tempos atuais, só resta o começar de novo. Diante do conceito, há quem fale em um dadaísmo político como a luta por um novo projeto de vida para a sociedade; um projeto que vá ao encontro dos anseios das pessoas, que dê conta das necessidades sociais e econômicas mais prementes.
Nesses tempos, em que se espera das instituições autonomia, isenção, coerência, desprendimento e obediência aos propósitos legais, mais se percebe que cada vez menos esses itens são levados a sério. Resta pensar que se vive uma infantilidade, "dá-dá-dá" e, assim, a necessidade de começar de novo. Não tem outra forma de pensar a política desses tempos de era moderna, patrocinado pelo capitalismo, e a luta humana pela sobrevivência, se não se levar para o deboche, diante da situação risível a qual a vida humana se encaminha.
Vive-se de uma busca insensata, apropriando-se, quando possível, do trabalho alheio, das contribuições públicas, cobradas rigorosamente pelas instituições. E o dadaísmo é uma espécie de "nadismo" diante das incoerências que se observa: trabalha-se cansado, à exaustão, pensando em um dia descansar e quando descansando, começa a morrer. O dadaísmo, começado em Zurique, com Tristan Tzara, em 1916, tem agora a dizer para a política que se vive um nada e se caminha para a morte.

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