quarta-feira, 13 de setembro de 2017

O Eu e o Nada

Muito já se falou dos comportamentos das pessoas, do que elas querem em seus grupos, ou nas suas particularidades, sobre as atitudes divergentes da maioria da sociedade e chamaram de doenças a essas divergências e produziram remédios ou procedimentos que prometem o reestabelecimento da "normalidade". Muitos cientistas psicólogos, psiquiatras, sociólogos, antropólogos e tantos outros, se debruçaram a explicar as variadas atitudes que levam a determinadas práticas humanas em grupos ou dos indivíduos nas suas particularidades.
A despeito do que já se descobriu da fisiologia cerebral, as teorias elaboradas sobre a psiquê humana são bem próximas de zero diante da complexidade que a estrutura mental se mostra. Mas é a própria mente que, na sua individualidade, tenta entender a si própria, mas se percebe como algo distante de alguma metodologia em uma justa medida que dê condições à compreensão de si.
E essa mente, ou esse espírito que anima a existência, o que percebe é que é prisioneiro de si mesma, que é detentora dos seus próprios conhecimentos apenas e que, no máximo, faz conjecturas sobre as outras mentes, sobre outros espíritos, mas nada muito profundo que consiga generalizar a ponto de entender não apenas a si própria, mas a totalidade dos seus iguais. Então: o que é a mente? Não a mente do João, da Maria ou do José, da Ana, mas uma generalidade da Mente que se possa pensar que entende o gênero humano.
Acontece que cada Joao, cada Maria, cada José têm uma carga de informações, de valores, de capacidades próprias, diferentes de cada um dos outros indivíduos que se apresentem. Mas cada um nunca consegue expor a essência do que propriamente sente naquele exato instante, ou de toda a sua existência. 
Esse espírito se percebe enquanto tal. E, assim, se percebe como sendo ele próprio um mundo imenso inexplorado e diferente dos demais mundos mentais a sua volta. Nasce, vive e morre sem conhecer a outra mente e, não conhecendo a outra, não conhece a si própria, apenas percebe que existe. E, aí, vive uma consciência que nada mais é que um espírito que se bate sobre a face do abismo, sobre a face do nada e vive à espera do fim; vive como expressa a oração Católica , "os degradados filhos de Eva, gemendo e chorando nesse vale de lágrimas".

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