quarta-feira, 27 de setembro de 2017

A Informação, os Dados e o Ignorante

A informação, os dados recebidos e enviados, é tão importante para humanidade que é possível pensar que sem ela os humanos não poderiam existir, ou que a formação da pessoa nada mais é que um acúmulo de conhecimentos recebidos ao longo dos tempos. Cada dia, cada instante, as pessoas ouvem, vêm, tateiam, cheiram e degustam e levam ao cérebro as informações recebidas do mundo externo.
Isso acontece de modo que essas tais informações podem se confundir com a própria cultura, assim como com as personalidades dos indivíduos, os seus valores, os seus quereres, as suas vontades etc. No entanto, nessa importância reside uma complexidade detentora de caracteres bastante estranhos entre sim, que tanto pode levar o entendimento do indivíduo a trilhar por um caminho, quanto por outro.
Acontece que se pode pensar a informação como verdadeira ou como falsa, mas também a partir de sua inexistência. Nos dois primeiros casos estão as variações dos dados informados, falsos ou verdadeiros que, se assimilados, darão direcionamentos na existência dos indivíduos. Esses dois vivem uma certa distância entre si que passa pela mentira intencional e todo um arco de subjetividades, todo tipo de interpretações. Por outro lado, a informação falsa,  em especial, seja intencional ou não, pode ser pior para o indivíduo que a detém do que a ausência total de informação, a ignorância.
Isso porque o desinformado, o ignorante, está em melhores condições existenciais que o mal informado, aquele que tem dados errados. Acontece que o desinformado tem a limpeza da alma, a ingenuidade livre dos dados pesados, que se pretendem verdadeiros ou mesmo mal intencionados.
Alias, quando a ignorância vem acompanhada de uma consciência de si, o ignorante estará a caminho de um crescimento do seu saber; apesar de que, para isso, é necessário  que haja uma fenda na ignorância, que possibilite uma desconfiança de que algo a mais existe para além daquilo que se detém. 
A humanidade está, portanto, em meio a complexidade do fenômeno da informação: de uma lado um conjunto de dados, verdadeiros ou falsos, e de outro a sua ausência, a ignorância, que com uma brecha se tem o caminho para a reconstrução cultural em uma sociedade e/ou da personalidade em um indivíduo. No mais, aqueles que detém informações mais próximas do real possível são os que não acreditam serem totalmente informados, detentores dos dados verdadeiros, mas ignorantes, sempre prontos para um outro saber, outros dados.

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