Mas essa leitura precisa ser de algo que o leve a ter um pensamento que, mesmo indo fundo em uma especificidade, o indivíduo consiga abrir-se para a de totalidade; ou seja: uma leitura que vá além daquilo que o cérebro comodamente espera. Se por um lado precisa haver provocações ao conjunto dos saberes já detectados, por outro precisa que tais conteúdos acrescentem informações e lhes dê capacidade para sempre outras conexões.
Não havendo leitura, não haverá busca para além do mundo imediato e surgirá o medo, esse fenômeno que por vezes domina e impede o prosseguimento em uma ação e limita as conexões de sentido. O fenômeno do medo nada mais é que um estranhamento experimentado diante de algo, de modo que o indivíduo se desespera e o rejeita. Acontece que essa situação está intimamente ligada a ausência de certezas, a uma obscuridade e quem vive o medo percebe-se em uma penumbra, uma encruzilhada e por isso procura um porto seguro para sua firmeza.
Na busca desesperada por certezas que lhes deem guarida a pessoa vai atrás de ideias, dados, mas sem bases referenciais se assenta em noções simplistas, fáceis de acesso e que lhes deem respostas às suas angústias. Acontece que as ideias conservadoras, a princípio, são as mais seguras pois, mesmo que depois possam se tornar cruéis e agressivas, o seu nexo causal é a manutenção das coisas do jeito que estão.
Após se assentar em pensamentos conservadores o que vem a seguir serão suas ações baseadas em tais entendimentos: tratamento com descaso as pessoas com com outros entendimentos, às pessoas com práticas religiosas diferentes, com condição sexual diferente, de raça diferente etc. Se num primeiro momento tudo não passa de discursos raivosos, "cheios de razão", num prosseguimento encaminha para a agressão e toda a sorte de práticas cruéis e agressivas.
Algumas pessoas levam vantagem com atitudes conservadoras, com a ideia de que tudo permaneça do modo que está, são aquelas questão no ápice da pirâmide e detém privilégios com as coisas do jeito que estão. O conservadorismo desses não é a ignorância, mas ao contrário; o medo aqui vem da certeza das mudanças. O conservadorismo nas classes médias e pobres (assalariados, profissionais liberais, professores e pequenas lideranças esse sim é oriundo da ignorância e, por ela, o medo.
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