Portanto, se arte e humanidade são dois conceitos interdependentes, a compreensão dela necessariamente interfere na compreensão de nos construímos como humanidade. Prova disso são as correntes artísticas e todo o desenrolar da história da arte ao longo dos tempos, em cada momento traçando linhas diretas com os aspectos sociais, políticos e éticos dos grupos humanos.
Dessa maneira pode-se dizer que a arte é a "locomotiva" que puxa os "vagões" dos mais variados aspectos das sociedades, de maneira que não se pode prescindir dela, mas também é um demonstrativo de que a pessoa do artista e a arte, propriamente, é essencialmente rebelde. Porque o artista age para muito além do que pensam as pessoas de um modo geral. Em outras palavras: a arte como expressão humana tem vida própria, mas o pensamento que se tem da arte denota o entendimento que as pessoas de uma sociedade tem dos mais variados setores. Se politicamente, socialmente e economicamente forem conservadoras, não se sentirem bem com o diferente, da mesma forma vão agir com repúdio a alguns aspectos da arte.
Isso tem acontecido muito quando as pessoas se deparam em frente de obras modernas, com pinturas não fotográficas, ou instalações que mostram pessoas em condições diferentes do que se vê no dia a dia. Corpos nus, por exemplo, ou filmes, músicas e teatro sem uma lógica de começo, meio e fim. E as "doenças" sociais e toda a ordem de desmandos e contradições, estão presentes na arte, ou na expressão crítica do artista, ou na deficiência do espectador, no que se espera dela.
Por outro lado, o não conhecimento sobre a arte, assim como o não conhecimento sobre os fenômenos sociais, e a relação entre eles, leva-se também a uma discordância do que se produz enquanto tal. Se algo for feito para agradar não será arte, o seu propósito é a provocação, é escarafunchar as existências dos humanas e jogar para o alto os amores não correspondidos, as perdas, as traições, os medos e toda a sorte de frustrações e maledicências.
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