A esses chamam-no de reacionários por reagirem contra aquilo que parece tirarem-lhes do conforto em uma pseudo paralisia. Essas pessoas vivem uma dicotomia: num estágio fazem um discurso de defesa da segurança das instituições alegando a necessidade do seu fortalecimento como forma de manutenção da família, da fé, da constituição e dos bons costumes, num outro, passam por cima das mesmas dando jeito quando os seus interesses são outros e alteram, assim, a função original da instituição. Portanto, praticam as mudanças às quais condenam.
Alguns indivíduos, mesmo que a título de defesa dos interesses sociais, burlam suas próprias regras e transgridem os princípios que as instituições se compromete. Ora, os meios de comunicação, a todo instante, dão conta da existência de pedofilia praticada por líderes religiosos, por membros das famílias e que pornografias (fotografias de crianças nuas, sensuais, vídeos etc.) são encontradas nos computadores das casas, de empresas e de organizações governamentais, não governamentais e representantes maiores das tais instituições acobertando as práticas.
Por mais que essas pessoas falem em manutenção da ordem e discursem contra as mudanças, na realidade não é isso que buscam pois eles próprios vivem as mudanças. Acontece que as instituições, como a gênese dos valores das sociedades, é verdade, reforçam costumes, mantêm por longos períodos os padrões morais, os costumes etc., e dão a impressão de que tudo pode permanecer parado no tempo.
Mas tudo muda sempre. E as mudanças que ocorrem em minutos, em horas, em dias meses todos acompanham com certa clarividência, mas quando essas mudanças ocorrem em vários anos, em séculos ou em milênios, algumas pessoas perdem a capacidade de percepção. O cérebro não acompanha as transformações muito lentas ou muito rápidas, mas apenas as que estão dentro de suas margens, não deixando percebe-las, o que faz acreditar que tudo permanece estável. Portanto, mesmo que alguns não queiram, mesmo que reajam contra as transformações, façam discursos e passeatas, tudo sempre se transforma - igrejas, famílias, escolas, estados, e esses reacionários, sabendo ou não, são também agentes dessa transformação.
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