O pensamento de relacionar o fim com algo trágico não se sustenta porque se assim fosse teria que se aceitar que a simples existência de algo seria boa por si só, por extensão, tudo que não existe teria que ser, necessariamente, mal. Nesse caso, haveria uma relação direta entre bondade e existência, assim como maldade e não existência, o que seria ilógico. Afinal, o mundo é composto de coisas boas e ruins já que as ações humanas tanto podem ser boas quanto más.
Acontece que o conceito de fim é muito amplo para se simplificar com a tristeza pelo encerramento de algo. O fim de uma guerra, o fim de um sequestro, o fim de uma doença etc., é sempre comemorado como algo relevante que acontece entre os humanos; por outro lado, o começo pode ser o de sofrimento, de longas caminhadas, de torturas e assim vai.
O real é um ciclo continuo, tudo que hoje existe no universo um dia não existiu e um dia não vai mais existir em um eterno final e recomeço. Se tudo está em um ciclo constante de vida e morte os conceitos de fim, de começo, bem como o de continuidade, de parada e de recomeço estão todos imbricados em uma mesma complexidade. Não podem ser pensados separadamente.
A aproximação direta entre o fim e o sofrimento, ou tristeza, se deve basicamente pela relação que se estabelece com a morte, o encerramento da existência de um ser consciente; talvez isso ocorra pelo sofrimento diante do desconhecido, diante do que não se domina. O sexo e a morte, por representarem o início da vida e o seu fim, é sempre algo de difícil entendimento, ou de aceitação, para o humano, o que o faz encher de mitos e todo tipo tabus e crenças. Ora, se o fim, o início, a continuidade e o recomeço são conceitos que estão todos imbricados em um mesmo sentido, não há que se ter medo de um encerramento: a luta só começa depois de um preparo exaustivo e quando termina começa um descanso e assim seguem todas as coisas em seu curso natural.
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