O surgimento das novas moedas, as chamadas de moedas digitais, ou criptomoedas, por mais que causem fascinação de alguns e desespero de outros, nada mais são que moedas e como tal existem enquanto presas às leis de mercado e das condições postas pela sociedade. Há dez anos surgiu no Japão, por alguém chamado de Satoshi Nakamoto, ou por um grupo de investidores chamados por esse nome, a principal delas, o bitcoin, a primeira de um número que já passa de 1.400 e, segundo analistas econômicos, novas surgem a todo instante.
O fascínio de alguns se deve ao fato de ser um dinheiro digital, ligado diretamente a tecnologia, eles são gravados em um banco de dados e distribuídos pelo que ficou conhecido como blockchain. O funcionamento dessas criptomoedas existe como um sistema financeiro alternativo; por exemplo: as transações financeiras acontecem sem intermediários, verificadas diretamente pelos próprios usuários em rede estabelecida.
Nada de estranho em ser uma moeda não física, muitos outros sistemas parecidos já se mostraram no mercado financeiro como os pagamentos em cartões de crédito e de débito, ou alguns sistemas de escambo por vários lugares. A tônica do dinheiro será sempre o valor do trabalho de alguém ali posto, quer seja apresentado fisicamente em cobre, em níquel, em papel ou apresentado de forma digital.
Mas o relevante para uma análise sociológica são dois conceitos que aí estão colocados: a interatividade e a fragilidade do estado moderno. Nesse caso, estão entrelaçados, mas os dois existem e possuem vidas próprias como marcos de um momento da pos-modernidade. Cada vez mais as pessoas querem interagir seja lá no que for - na arte, na educação, na imprensa etc; também na área dos investimentos financeiros.
Por outro lado, a fragilidade do estado moderno que chegou a ser pensado como perene - "o fim da história" - nesses tempos mostra-se ofegante já sem a força de outras épocas. Os bancos que desde o início da era moderna financiam candidatos aos governos como forma de controlar os mercados financeiros nacionais ou internacional, se vêm agora tolhidos de suas ações e ameaçados em suas fortalezas racional-burocráticas.
O dinheiro continua a ser dinheiro seja lá na forma que for, mas o surgimento dessa forma de moeda é, na verdade, um sintoma conjuntural que se explica pelas alterações estruturais dessa era. No mais, a inter-relação entre interatividade e fragilidade do estado está em que o poder como instrumento de uma aristocracia já se dissolve no ar: alguns se desesperam, outros já esperam e alguns ainda não perceberam.
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