O conceito de natureza carrega uma historicidade o que implica em qualquer análise científica, teológica ou política que se pretenda mais efetiva, com validade absoluta. No entanto, nos tempos atuais pode-se pensar que natureza representa a totalidade de tudo que existe, desde a flor do campo, as árvores, os animais, toda ordem de minerais, oceanos, montanhas, até os dejetos, as fumaças de poluição, lixos depositados nos aterros sanitários, vírus, pesticidas e produções radioativas.
Em outras palavras: aquilo que a razão humana faz no seu dia a dia mudando as coisas de um lugar para outro, transformando-as em bem de uso - a árvore vira tábua que vira mesa e que vai para o lixo, o petróleo que vira fumaça ou que vira plástico e é posto fora é natureza. Mas, como movimento próprio, em algum momento, provoca uma reação e, a seguir, a recuperação. O mesmo acontece com relação aos seres vivos: no aumento de cada população de uma espécie surge a reestruturação com moléstias que dizimam parte dos indivíduos, portanto alteram a condição que estava dada até então e em seguida a acomodação.
Mas é preciso que se diga que não se está a falar de um ser com capacidade de raciocínio a determinar ações contra as práticas humanas. Não. Essa capacidade não existe como uma condição racional. Não existe um indivíduo autônomo capaz de punir os humanos pelo mal uso de tudo que está ao se redor. O que existe é uma totalidade a defender-se sim, mas articulada em uma vivacidade a mover-se pelo acaso, e faz isso sempre obedecendo a uma logicidade de ação, reação e acomodação. E, por mais que a razão faça o confronto com a natureza, ela mesma faz parte dessa totalidade.
A dificuldade em destrincha-la está no entendimento do conceito. Se tudo é natureza, dispensa-se a definição e nada mais é natureza. Como e por que falar de "A" se não existissem as demais letras do alfabeto? Nesse caso, estaria-se a falar de algo que não existe. Mas, como falei acima, o conceito de natureza obedece uma historicidade, portanto as definições que elaboramos nos tempos atuais são apenas elaborações dos tempos atuais.
Os panteístas pensam: se somos parte dessa natureza e dela recebemos tudo e a ela sempre devolvemos, até nós mesmos, é ela - portanto - a essência da de uma divindade possível. No entanto, se a natureza é ou não uma divindade, essa situação não passa de uma condição conceitual. Não altera a vida de ninguém. Mas pensar a si como parte dela, como algo de onde tudo vem e para onde tudo vai, muda o modo de compreender o mundo, as pessoas e a si próprio. E mais: faz surgir outros conceitos: respeito, igualdade, dedicação, equidade etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário