Já se disse da existência do "yin" e do "yang", da tese e da antítese, do bem e do mal, de Deus e o Diabo, mas - para muito além de qualquer pensamento de forças contrárias e maniqueístas - há de se pensar que uma sociedade só será democrática se sobreviver ao jogo político em uma relação de esquerda e direita. Isso porque o fortalecimento da democracia depende da compreensão desses dois polos e, de tais polos, o seu equilíbrio.
Para isso, faz-se necessário que haja lideranças políticas que tenham e sigam um programa que se reconheça como de esquerda, com ações firmes do estado nas áreas mais importantes como da saúde, da segurança, da educação, da renda, da habitação e por aí vai. Mas não basta que mandatários se elejam com tais propostas se não houver, conjuntamente, uma parcela da população que compreenda - mesmo que minimamente - teoria política e econômica e que possa acompanhar tais ações, dar sustentação e fazer as provocações necessárias.
Por outro lado, faz-se necessário que haja lideranças que se identifiquem com pensamentos políticos de direita e que produzam os seus programas de intervenção cada vez menor do estado na economia e uma sempre maior participação da inciativa privada: com menos gastos na saúde, menos gastos na segurança, menos gastos na educação etc. Da mesma forma, para isso será necessário que uma parcela da população se identifique com essa corrente da Economia Política, saiba do que se trata e faça as cobranças necessárias para que o programa seja executado dentro de uma normalidade cidadã.
Acontece que ser de esquerda não se resume em não gostar de quem é de direita, ou apenas em defender as ações do estado, mas em ver uma totalidade nas ações políticas e na espera de que essas estejam direcionadas para atender às populações mais carentes, aos trabalhadores, aqueles que efetivamente produzem. Assim como ser de direita não é simplesmente não gostar de quem é de esquerda, mas ter tantas posses que, então, consiga se manter financeiramente sem interferências do estado.
Caso contrário haverá mesmo é uma confusão de ações e de pensamentos: uma guerra de surdos, um não ouve o outro e todos falam, mas não têm certezas do que dizem; uma guerra, mas sem saber quem bate ou quem apanha, ou porque bate e porque apanha. É preciso ter muito bem definido o papel do estado: um "regente de orquestra", ou um agente "de bem estar social"? É preciso que se tenha claro: a riqueza dos povos, como podem ou devem ser distribuídas? O tema é mais complexo do que se podem imaginar em intrigas nas redes sociais. O que não se pode é ver isso como quem vê uma torcida organizada: vascaínos e flamenguistas, ou corintianos e palmeirenses, torcendo pelo nada. No caso político, podem é estar torcendo contra si próprios.
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