sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A Comunicação Social e Sua Decadência

Para analisar as condições e o papel social desempenhado pelos meios de comunicação social, nesse início do terceiro milênio, necessita levar em conta as suas relações tão próximas com a economia capitalista; mas muito mais se essa análise for feita levando em conta um espaço de tempo que venha desde o seu surgimento, no século 15, até os dias atuais e toda a sua existência como um fenômeno próprio da modernidade. Isso porque, quando se analisa uma instituição, uma atividade laboral, ou práticas religiosas, necessariamente tem de levar em conta os meios econômicos que se vive na sociedade de então. Assim é se quiser entender, na Idade Média, o papel social das confrarias, da Igreja, da produção de alimentos, da organização social, dos exércitos etc. Não se trata de um “economicismo”, já que é sabida a influência de outros parâmetros históricos e culturais que contribuem sobremaneira para a totalidade do entendimento. Parece que a influência econômica na imprensa esteve presente em toda a sua existência nesses cinco séculos, mas que veio aumentando nas últimas décadas de forma que enfrenta atualmente um processo de autofagia. Acontece que no século 19 o aumento dos meios de comunicação tornou-o apenas mais uma área empresarial, um empreendimento como qualquer outro, comercial, imobiliário, bancário, industrial, serviços etc. Como se denota, a palavra empreendimento quer dizer a ação de alguém que empreende, atividade do empresário, aquele que espera retorno ao investimento de seu capital. Ora, uma lei econômica no regime capitalista dá conta de que é necessária uma maior produção com menor custo, além de apresentar sempre o produto que o mercado espera. Nesse caso, fica explícita uma contradição entre as regras do regime econômico, necessárias a qualquer empreendimento, e a atitude ética de levar ao público informações mais isentas possíveis. Isso sem contar com a disponibilidade do administrador da empresa em transformar o seu poder de informação, de acordo com seus interesses, em um instrumento de ingerência nas políticas governamentais como se não fosse fazedor de opiniões, mas um empresário da área do calçado, do parafuso ou do sistema financeiro. Isso sem contar com o espírito de corpo da própria categoria que se fecha de modo que seus componentes nunca mais estarão errados; e também o medo do desemprego, a ambição por melhores cargos e melhores salários que leva a todos a seguirem a cartilha apresentada. Tudo isso tem levado a deterioração de um sistema comunicacional que, assim como nasceu com a modernidade, parece fadado a também morrer com ela.

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