quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
Sociedade Violenta
Ao mesmo tempo em que se divulgam os casos de presos amotinados por facções criminosas em penitenciárias e que degolando uns aos outros, os noticiários dão conta também de que aumentam os crimes pelas ruas das cidades em assaltos, pequenos e grandes furtos, além de estupros e atentados ao pudor. Com isso as empresas de segurança passam a oferecer os seus novos produtos: cercas elétricas, câmeras de vigilâncias, carros blindados e homens treinados para fazerem serviços de segurança.
A população atônita cobra dos governantes o aumento de ações repressivas: mais policiais nas ruas, mais viaturas com combustível e em condições de uso, melhores armas, quem sabe baixar a menoridade penal e novas leis mais repressivas. Recentemente, uma proposta no Congresso Nacional entrou em pauta pedindo a criação de um novo ministério, o da Segurança Pública.
Certamente que tudo isso proporcione algum resultado positivo e, no final das contas, dê ao cidadão alguma sensação de tranqüilidade. Mas isso é um paliativo. Daqui a 20 anos esses criminosos estarão velhos, se conseguirem viver até lá, e outras hordas – sempre maiores - serão criadas; isso se a estrutura da sociedade conseguir chegar até lá.
E mesmo que se institua a Pena de Morte e se passe a matar indiscriminadamente não se vai eliminar a todos e novas facções, cada vez melhor organizadas, surgirão. Ora, o investimento em segurança pública pode estancar momentaneamente as ações criminosas, mas não será perene; algum tempo depois a casca repressiva arrebenta e se cai em mais ondas criminosas cada vez maiores.
Só um ponto pode salvar o País do aumento da criminalidade, atacando-o diretamente, para que daqui a 20 anos as cidades possam voltar a viver com um pouco de paz: redistribuição da renda. Não se está falando da renda dos membros da classe média que ganham 30 ou 40 mil reais que, desinformados, têm medo de perder seu dinheirinho, mas de quem tem renda, muita renda.
Parece lógico que qualquer recipiente, por mais forte e impermeável que pareça, depois de uma quantia de ar sendo injetado vai estourar e, dependendo do objeto e da quantia de ar vai estourar de forma avassaladora e as conseqüências podem ser catastróficas. Não se trata de ser ou não ser dessa ou daquela ideologia, ou como os governantes e políticos vão fazer essa distribuição de renda, mas não há alternativa. Aliás, as sociedades pacíficas, em que as forças policiais não têm muito trabalho, em que as pessoas se respeitam e cooperam, são aquelas menos desiguais, em que mora – lado a lado – o médico, o lixeiro, o professor, a faxineira, o juiz etc.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário