segunda-feira, 23 de janeiro de 2017
A Existência e o Tempo
A palavra tempo tem vários significados dependendo do contexto, mas todos os seus empregos são feitos como analogias da expressão primeira, a duração dos fatos, a determinação dos momentos: os períodos, as épocas, as horas, os dias, as semanas, os séculos etc. Já se quis estudá-lo e alguns físicos afirmaram a possibilidade de “viajar no tempo”, enquanto outros a negaram como algo plausível; e, nesse conflito de cientistas, a própria Física e todas as tentativas de entender o homem, o mundo e tudo o que nele há caminham juntos no tempo.
As pessoas existem, portanto nasceram e caminham para a morte; nesse meio, vivem apavoradas, olhando ao espelho e percebendo as rugas, os cabelos brancos e a flacidez do corpo que denunciam os novos momentos. As casas podem ser restauradas, demolidas e reconstruídas, os carros podem ser comprados novos ou reformados se a pessoa tiver condições financeiras, mas o horror para esse ser da consciência é perceber que seu corpo denuncia a sua passagem, o seu caminho para o não existir. O tempo passa.
Alguns tentam alterar os efeitos, implantando cabelo, tingindo-o, ou esticando a pele e ingerindo toda a sorte de remédios e cosméticos que prometem o rejuvenescimento. Mas, por mais que os cremes e os cosméticos prometam e até escondam momentaneamente, o tempo é implacável e passa. E sem querer – parece que o subconsciente o trai – o indivíduo afirma que “no meu tempo era diferente”, mas ele continua a existir. Acontece que ele percebeu que tudo muda e sente que na curva de sua existência a linha agora é descendente. O “meu tempo” se foi.
Outros afirmam que “aqueles eram bons tempos que nunca mais voltaram”. Nem os bons, nem os maus. Os tempos não voltarão. E mesmo que alguém pudesse voltar essa viagem já seria em outro tempo e não mais aquele que já passou.
Saber que tudo está no tempo, que não há como viver fora dele ou, quem sabe, pará-lo, é algo, por si só, insano. Saber que esse mesmo tempo em que se está não se tem como dar conta do seu início ou do seu fim deixa qualquer desses passageiros atônitos. Kant colocava o tempo como uma das antinomias da razão: verdadeiros nós que a razão encontra e não as consegue dar jeito. E nesse turbilhão de fatos ocorrendo sempre, ao terminar uma atividade se está mais velho e mais sábio; algumas vezes só mais velho.
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