sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
O Homem e Suas Raízes
Sempre se fala das necessidades do entendimento da cultura, da religião, da língua e da política para entender a formação da sociedade, o que não se fala, ou se fala pouco, é da relação entre esses elementos e da sua soma ao espaço territorial. É que, nesses tempos de avanços científicos, o planeta, na sua totalidade, parece falar mais alto que a Terra Natal com seus palavreados, seus costumes, sua língua ou seu sotaque.
Acontece que as novas tecnologias aproximaram demais os espaços e os economistas falam em globalização, as pessoas se comunicam em tempo real de um lado ao outro do planeta e, em algumas horas, se deslocam por longas distâncias. Pessoas de culturas tão diferentes acabam se deparando, se confrontando, ou contribuindo uma a outra, e assim seguem numa constante interação.
Um estudante brasileiro que faz intercâmbio no Japão pode conversar com os pais diariamente e, com imagens ao vivo, mostrar onde mora, as roupas e, até mesmo, as praças da cidade e a universidade. Em tempo real os investidores acompanham o crescimento das ações nas bolsas pelo mundo a fora e, de Joinville, Santa Catarina, ele tira seus investimentos de Nova Iorque e os manda para Hong Kong em menos de um minuto.
Tudo isso leva a fascinação e as pessoas passam a se ver como cosmopolitas, cidadãos do mundo, o que é louvável já que não se pode discriminar uns aos outros pelas suas diferenças culturais, religiosas e raciais. Mas o homem na sua totalidade está ligado ao espaço físico da Terra Natal e aí se pode pensar as florestas, as pradarias, os vales e as encostas das montanhas.
Quando o lageano diz que é preciso ‘campear’ por algo está dizendo que é preciso procurar, mas o estrangeiro não entende. Há, aí, uma relação direta entre o modo de vida campeiro, em que é preciso cavalgar pelo campo a procura de uma rês, e a extensão da palavra que designa procurar pelo campo. É como o homem do vale ou da beira-mar que se identifica com as cheias do rio ou com a ressaca do mar.
E, quanto mais se globaliza o mundo, mais o homem precisa do retorno a esse chão que acolheu a sua meninice, como um retorno às suas próprias condições existenciais, como uma busca a própria consciência. Quando ele se vê arrancado do seu mundo, sem condições de retorno a Terra Natal esse indivíduo se mostra uma alma perdida numa busca constante de algo que o identifique.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Interessante esse conteúdo! A mais pura verdade... Amei.
ResponderExcluir