quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Verdades, Signos e Representações

O cérebro não tem acesso à coisa em si, mas apenas aos fenômenos que lhes chegam através dos aparelhos sensoriais, conjuntos de representações, reunidos em imagens, sons, tato, olfato e paladar. A partir dessas representações, juntamente com as informações já estabelecidas anteriormente, o cérebro reelabora constantemente e as transmite, se for esse o seu interesse, aos seus iguais naquilo que se chama comunicação. Portanto, comunicação nada mais é que uma tentativa de sintetizar ideias e transmiti-las ao interlocutor, mas para que isso aconteça o cérebro precisa codificá-las de forma a transmiti-las; nesse caso, a comunicação só vai acontecer se os interlocutores conhecerem os códigos usados. Os códigos podem ser gestuais, sonoros, gráficos e outros, que por sua vez podem ser desdobrados em um conjunto de signos articulados em expressões complexas que podem transmitir mais eficazmente ou não as ideias pensadas. A expressão gestual tanto pode ser uma mão levantada significando ‘pare!’, quanto pode se pensá-la como uma expressão corporal, facial ou um conjunto de códigos que elaborados expressem uma noção de verdade. Ou expressões gráficas como é o caso da palavra ‘casa’: um conjunto de quatro signos ‘c’, ‘a’ (posto na segunda e na terceira casa) e ‘s’ constrói a noção de um objeto que, a princípio, nada tem a ver com aquilo que foi escrito, mas que a partir de uma convenção se aceita como tal. Da mesma forma a fonética: o conjunto de sons a formarem a fala ‘casa’, aqueles sons que saem da boca para expressar a palavra nada têm a ver com o objeto referido. Tanto é que em outros idiomas o mesmo objeto é chamado de haus ou house. Mas a comunicação vai além da fala, dos gestos e da escrita. Uma mão fechada posta para o alto pode significar determinação e vontade de lutar, ou a manga da camisa arregaçada até meio braço pode passar a ideia de uma vontade de trabalho. Da mesma forma, quando o prefeito se veste de gari quer passar a ideia de alguém próximo dos trabalhadores ou que vai fazer uma limpeza geral nos setores da prefeitura. O problema é que a comunicação pode ser também fruto de uma vontade de engano, de uma vontade de mentira; e, caso for bem elaborada, vai ser recebida pelo interlocutor como verdade inquestionável.

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