quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
O Senso Comum e a Fragmentação do Saber
Uma questão crucial nos tempos atuais enfrentado pelas ciências é a fragmentação dos saberes. As pessoas sabem muito de um pouco e, em geral, não conseguem traçar linhas convergentes que, coerentemente, os reúna. Isso implica em duas situações: fica impossível um conhecimento que se sustente, pois o real é uma totalidade; por outro lado, o indivíduo pode ser manipulado politicamente já que seu conhecimento é estanque, pára em um determinado ponto e pode ser direcionado para um fim, contrário a vontade do pesquisador.
Isso porque aquele que sabe algo não tem noção do que rodeia o seu saber; e o seu não saber passa a ser um saber. Já se falou que os tolos pensam que muito sabem e os sábios que nada sabem. Ou seja: indivíduo que pouco sabe acredita já ser suficiente para interpretar outros setores do conhecimento; em alguns casos usa como credencial o saber de sua formação acadêmica, mas que nada tem a ver com o que foi posto em debate.
Interessante que as pessoas valorizam tanto o sistema educacional e mesmo a fragmentação dos saberes; o indivíduo estufa o peito ao afirmar que foi formado em Economia, em Direito, em Biologia etc. Mas vão aos meios de comunicação para dar “palpites” sobre áreas que pouco ou nada conhecem; e, aí, o artista se acha no direito de falar sobre o meio ambiente, o economista de política; o jurista se acha no direito de falar de Economia, o jornalista da administração pública, os economistas de falarem sobre o sistema educacional e assim por diante. Alguns nem se quer um livro ou um artigo leram sobre o tema ou participaram de um debate, mas o palpite corre solto.
Não se quer dizer que as pessoas não possam falar sobre vários assuntos, ou se inteirar deles, mas que tais atitudes se caracterizem como palpite, como um conhecimento que requer mais apuração. Também não se está querendo tecer apologias aos conhecimentos acadêmicos já que é comum autodidata possuír bagagens de conhecimentos maiores que a de graduados e, alguns, mais conhecimentos que mestres e doutores.
O que se quer é mostrar a falha existente nos tempos atuais com a constante, e profunda, fragmentação do saber. Algumas pessoas sabem muito sobre determinada área, mas não se conectam com as outras e interpretam o mundo sob um ponto de vista isolado. Isso porque, ao fazerem suas análises, levam em conta os seus saberes mais apurados e acreditam que é o suficiente para entender a totalidade; mas, ao não conseguirem se conectar com as demais áreas, tal análise fica impregnada de senso comum: boatos, crenças, preconceitos etc.
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