sexta-feira, 17 de março de 2017

Comunicação: Entre a Construção e a Decadência das Civilizações

Se por um lado a comunicação foi a abertura para construção da humanidade, por outro, tem-se mantida em toda a história da civilização como uma corda bamba que pode também levar à perdição. Em tempos passados os arautos dos soberanos comunicavam aos gritos as decisões governamentais e os contadores de histórias, oralmente, propagavam os grandes feitos dos heróis às multidões reunidas para ouvi-los. Já nos tempos atuais, quando a grande imprensa esboça os primeiros sinais de fadiga e a comunicação passa a ser escrita com a ponta do dedo, quando qualquer indivíduo pode fazer seus pensamentos chegarem a milhões de pessoas, mesmo com os erros gramaticais grosseiros ou sem qualquer compromisso com aquilo que se afirma, tudo fica muito perigoso. Acontece que não há base nessas informações, nada há de comprovações e, num senso comum, se propagam os mais distorcidos e preconceituosos dados. Alguns chegam a se utilizar de números para fortalecerem as tais "informações" que se pretendem verdades, mas sem métodos coerentes os números dizem aquilo que se quer ler. O que entra pela boca pode contaminar o corpo, mas o que sai pode contaminar a sociedade inteira; nesse caso, o que e sai das teclas do pequeno aparelho de mandar, repassar, ou propagar, o que outros mandaram: textos, pequenos, vídeos, fotos etc. Os grupos de interesse, que dominam os dados e acordos econômicos, políticos e jurídicos, atuam pelos bastidores e espalham suas in-verdades que de imediato são digeridas pelos mais desavisados e, assim, propagadas. Os dois lados da comunicação (se é que ambos podem ser chamados de comunicação): de um lado traz a sua majestosa contribuição, capaz de criar as grandes civilizações e toda a sorte de tecnologia, ciência, arte e filosofia e, de outro, a sua capacidade de destruição de todos quando usada de forma inadequada. Os resultados é que as relações estão se encerrando em torno do aparelho de informática e aquilo que poderia ser para a libertação do homem em nome de uma liberdade de expressão, torna-se instrumento de opressão de uns poucos vivaldinos sobre uma massa muito bem moldada. Se a humanidade do bicho homem foi, e é, construída no dia a dia porque os humanos inventaram essa tal comunicação - tanto de um para o outro, quanto em grandes grupos - o certo é que é um fenômeno de alta complexidade, apesar de não aparentar como tal, o que leva todos a se acharem na capacidade de dizer o que pensam. A exposição do que se pensa é necessária, mas deve acontecer juntamente com um senso de humildade, pensando sempre na possibilidade de não estar com a verdade; é preciso sempre duvidar das verdades muito fáceis, do senso comum.

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