sexta-feira, 24 de março de 2017
Marx e o Marxismo
O não conhecimento de dois sufixos, na hora da leitura, dificulta o entendimento de alguns textos e, na continuação, os debates de grandes temas filosóficos, políticos ou literários: “ismo” e “ano” – em alguns casos também “ico”; exemplo: maquiavélico, maquiavelismo e maquiaveliano. O sufixo “ico”, quase nunca é usado para discutir a obra de um autor, mas para se referir a pessoas cujas atitudes que lembram o pensador de Florença, Nicolau Maquiavel. No mais, “ismo” se usa aos textos que discutem um dado pensamento, enquanto “ano”, como referência à obra do próprio pensador.
Diante disso se entende porque não existe obra cristiana, afinal, Jesus de Nazaré não deixou qualquer literatura para a posteridade. O que se tem, e amplamente divulgado, é o cristianismo, o conjunto dos textos elaborados, posteriormente, por aqueles que interpretaram suas ideias; desse modo, não se pode atribuir ao próprio Cristo a condição de um seguidor do cristianismo.
Acontece que, desse desconhecimento, alguns desavisados empolam o peito e falam como se trouxessem uma boa nova: "quer saber? Marx nunca foi marxista". É como se trouxessem uma boa nova porque quem assim expressa tem a ilusão de que está trazendo algo novo, como se aqueles que discutem a filosofia de Marx não soubessem de algo a respeito.
Ora, como poderia alguém ser comentador de sua própria obra na posteridade (depois de sua própria morte)? A obra do pensador alemão será sempre marxiana e nunca marxista; não se trata de um conhecimento filosófico, ideológico ou tendência política, mas simplesmente de conhecimento gramatical.
Agora existiram, ou existem, os grandes pensadores marxistas que foram também ativistas políticos e revolucionários, por conta do conceito de práxis, tão reforçado pelo pensador alemão: Vladimir Lenin, Leon Trotsky, Ernesto Che Guevara, Mao Tze Tung, Rosa Luxemburgo e tantos mais. Alguns outros foram estudiosos de seu pensamento, simpáticos ao materialismo histórico e deixam isso claro em suas obras, mas não se pode qualificá-los como marxistas, como é o caso de Theodor Adorno, Jurgen Habermas, Jean-Paul Sartre, Michel Foucalt, Edgar Morin e tantos outros mais. Esses últimos, em algum momento de suas vidas, foram militantes do partido comunista em seus países.
A Ciência Política, e a Filosofia como um todo, traz em seu bojo alguns pontos de extrema importância para o debate e o seu desconhecimento pode expor de maneira crucial o debatedor. Acontece que as palavras e toda a estrutura gramatical de um idioma são chaves fundamentais e o uso inadequado pode emperrar e não abrir as portas do entendimento como se pretende.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário