segunda-feira, 20 de março de 2017
O Que é Ser de Esquerda?
Já se disse que filosofar é elaborar conceitos (Gilles Deleuze em, O que é Filosofia), o que é certo já que, ao elaborar o conceito, o filósofo necessita buscar a essência daquilo que por hora pretende definir. E, aí, seguem as questões: o que é belo? o que é felicidade? o que é justiça? Na política não é diferente e os conceitos, postos constantemente na berlinda, são democracia, direita e esquerda; em cada tentativa de compreensão vão as reflexões, a historicidade e tantas outras tentativas de estabelecimento de definições.
Por exemplo: direita e esquerda, que tomaram corpo no debate político, servem para estabelecer quem está de acordo com as estruturas sociais e econômicas postas e quem trás consigo um programa contrário. Faz algumas décadas que se afirmavam: tais conceitos estão superados e, talvez, em algumas sociedades estejam mesmo, mas nos movimentos sociais e relações políticas da América Latina estão mais vivos do que nunca.
Estão vivos, mas com uma característica surpreendente, nunca antes observada: pessoas humildes, trabalhadoras, deserdadas do sistema, se afirmando de direita. Nesse caso, a análise dos conceitos precisa descer às bases que sustentam e se repensar: como pode alguém se definir por algo que é contrário a si próprio?
Certamente que no grande jogo de combate entre capital e trabalho o primeiro, como dono dos meios de produção, assim como também dos meios de comunicação, e todos que, coerentemente, possuem um pensamento a direita leva vantagem pelo poder financeiro que tem, mas também pela atitude relapsa dos movimentos de esquerda. Os movimentos sociais e políticos são relapsos porque se distraem passando a limpo os pormenores de seus programas, quando não são apenas intrigas de estrelas em busca de mais luminosidade.
Ao discutir o conceito de direita e esquerda deve-se buscar os grandes embates políticos ao longo da história e tentar entender o que se passava nas cabeças daqueles que defenderam a vigência dos sistemas; porque eram favorecidos? e o que pensaram aqueles que tiveram a petulância se organizar e fazer o enfrentamento. Certamente que o motivo de algum oprimido se dizer de direita é a desinformação; não há outra explicação - já que, na essência, é alguém levantando a voz contra a si mesmo e contra aos seus iguais. O que é um paradoxo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Meurer, e a Revolução? E o comunismo? Ser de esquerda é defender isso. Se não for assim, não há esquerda possível. Há cinismo. Há petismo, essa tragédia.
ResponderExcluirAbs.
Dauto