quarta-feira, 15 de março de 2017

O Anarquismo e a Sociedade Sem Governo

De todos os segmentos políticos talvez o movimento anarquista seja aquele que reúna o maior número de controvérsias e desentendimentos a respeito de sua efetividade e funcionamento. A começar pela expressão, que fora cunhada pejorativamente como anarquia quando alguém se depara com um determinado espaço desarrumado, ou não de acordo com o que se espera. Nesse caso, anarquismo virou um sinônimo de bagunça. Acontece que no jogo político, uma das táticas mais usadas para a derrota do adversário é o enfrentamento desfazendo-o nos seus programas, nas suas bases e nos seus conceitos mais caros. Ora, se a política é um jogo, a lógica é que o jogador esconda sua jogada e use de uma série de artimanhas para a derrota do adversário como o escárnio e o redirecionamento de termos. Isso quer dizer, anarquismo deve ser entendido, não pelas paixões dos seus adeptos e entusiastas, bem como de detratores e adversários liberais, ou até mesmo de oponentes oriundos de certas tendências próximas, mas com isenção, a luz da ciência e da filosofia política. Se de um lado nada mais é que um modelo muito bem definido de socialismo revolucionário, é também um modo de vida que valoriza o despojamento e não aceita qualquer forma de comando. A concepção nasceu em meio ao movimento operário, defendida pelo francês Pierre-Joseph Proudhon ainda no seio da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), no final da década de 1860 e, em seguida, abraçada pelo russo, Mikayl Bacunin. Pensadores da antiguidade como gregos e chineses, bem como os reformadores religiosos, anabatistas e hussistas, já teriam defendido um modo de vida e organização da sociedade que se enquadra com o que defendem os anarquistas; e, em plena Revolução Francesa, Robespierre teria usado o termo para designar os revolucionários mais a esquerda. De um lado não aceitam o regime econômico capitalista, a propriedade privada e, como extensão, a exploração do homem pelo homem, de outro, denunciam o estado como órgão de defesa dos interesses da burguesia. Dessa forma, o Anarquismo é um pensamento político que defende uma produção coletiva e apoio mutuo, igualitário; um regime de disciplina e organização plena de forma tal que dispensa qualquer tipo de mandante, ou de governo.

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