segunda-feira, 6 de março de 2017
Dia Disso, Dia Daquilo
Essas datas destinadas a comemorar parte da população como, Dia da Mulher, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Dia da Vovó, e assim corre uma lista que segue por todo o ano, existem com dois objetivos: primeiro, para que se consuma mais e mais com presentes, alimentando um mercado sempre voraz; segundo, é uma forma de encurralar e de segmentar parte da sociedade em apenas um dia.
O restante do ano parece estar reservado ao homem branco, heterossexual, que não seja velho, nem novo, que não apresente nem uma deficiência, com alguma graduação e, assim, seja o controlador da estrutura social. O mais interessante é que esse homem não se vê como excluído em todas essas comemorações, pelo contrário, vê com bons olhos e participa com presentes aos homenageados de acordo com a relação que tem junto aos demais.
Mas essas comemorações têm uma história e um sentido. Até o final da Idade Média existia o chamado de, Dia Santo de Guarda, quando tinha uma conotação religiosa, ou simplesmente Dias de Guarda, quando lembrava uma vitória em uma grande guerra e mesmo a ascensão de um monarca. Com a chegada da Idade Moderna o mundo viu a secularização nas relações e a diminuição dos feriados em honra aos santos, mas essa mesma modernidade trouxe a economia capitalista que converteu as comemorações para dias específicos de pessoas em cada setor da sociedade.
Se juntamente com essas homenagens há um viés de dominação e manipulador, as pessoas não precisam, e nem vão, parar de fazerem as comemorações em dias disso ou daquilo, mas devem entender que suas condições sociais e seus papéis vão muito além dos presentes comprados às pressas para não deixar o dia passar em branco. As mulheres precisam saber que, mais que flores e bom-bons, todos os dias são seus e, nos quais, muito lhes são exigidos; pais e mães, homens e mulheres mais velhos, mais que chinelos e lenços, eles precisam de respeito enquanto permanecem vivos e que respeito às crianças é educação, lazer e bons exemplos.
Ora, o presente pode e deve ser dado a qualquer instante que se acredite que deve ser comemorado; talvez o idioma Português é onde as palavras nesse sentido são mais emblemáticas: dar uma lembrança significa que em algum momento aquele indivíduo lembrou do outro, ou dar algo como presente significa que se está presente na vida daquele que se quer bem.
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