A política que se exerce em uma sociedade não existe por si só, como se fosse um fenômeno autônomo, desconecto da mentalidade das pessoas em questão com suas vontades, suas crenças, suas frustrações. Para entender isso precisa levar em conta o conceito de legitimidade que na ciência política e na filosofia se diferencia de legalidade para determinar a aceitação de um poder que se exerce sobre um povo.
A pergunta é: por que um povo aceita, ou não, um presidente, um rei, um parlamento ou uma corte jurídica? Para os povos da antiguidade essa aceitação se dava por uma ligação de ordem divina, esses eram homens-deuses, semideuses ou enviados por um ser divino. Em outros momentos, isso se deu por uma ordem tradicional-familiar, nobiliárquica e dirigido por honrarias determinando o controle da sociedade. Nos tempos atuais de disputas eleitorais, votos, passeatas, artigos jornalísticos e defesas acaloradas, pôde-se dizer que aí está a legitimidade.
Portanto, há sim uma relação direta entre a política de uma sociedade e o cidadão em particular, aquele que vota e, pela lei, pode ser votado. O percentual de desonesto e injustos é de uma sociedade e não de um setor, ou de uma instituição dessa sociedade. Portanto, é a sociedade que faz a política e não a política que faz a sociedade; ninguém pode querer da política aquilo que não lhe deu, honestidade, equidade, dedicação etc.
A maneira das pessoas criarem seus filhos, de trabalharem ou de se folgarem diante de uma tarefa, de quererem levar vantagens diante uma negociação etc., são maneiras de agir que, se estivessem a frente de uma estrutura de poder, fariam também. Quando Bertold Brecht, dramaturgo alemão, disse: "triste de um povo que precisa de herói" era a isso que se referia; a política não pode ser vista pelo ponto de vista do herói ou do bandido: ninguém é "pai dos pobres", ninguém é "pai dos descamisados", ninguém é "salvador da pátria". Em uma sociedade todos devem se sentir responsáveis por tudo que acontece na esfera pública: cada indivíduo é um bandido, assim como cada indivíduo é herói, depende de como atua na sua sociedade.
Fabuloso esse fechamento:
ResponderExcluir"Portanto, há sim uma relação direta entre a política de uma sociedade e o cidadão em particular, aquele que vota e, pela lei, pode ser votado. O percentual de desonesto e injustos é de uma sociedade e não de um setor, ou de uma instituição dessa sociedade. Portanto, é a sociedade que faz a política e não a política que faz a sociedade; ninguém pode querer da política aquilo que não lhe deu, honestidade, equidade, dedicação etc.
A maneira das pessoas criarem seus filhos, de trabalharem ou de se folgarem diante de uma tarefa, de quererem levar vantagens diante uma negociação etc., são maneiras de agir que, se estivessem a frente de uma estrutura de poder, fariam também. Quando Bertold Brecht, dramaturgo alemão, disse: "triste de um povo que precisa de herói" era a isso que se referia; a política não pode ser vista pelo ponto de vista do herói ou do bandido: ninguém é "pai dos pobres", ninguém é "pai dos descamisados", ninguém é "salvador da pátria". Em uma sociedade todos devem se sentir responsáveis por tudo que acontece na esfera pública: cada indivíduo é um bandido, assim como cada indivíduo é herói, depende de como atua na sua sociedade."