sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A Filosofia, as Ciências e a Existência

Quando os acadêmicos questionam, qual a diferença entre Filosofia e ciência, fico a refletir. Existe? Sem duvida, essa é uma daquelas questões complexas que pairam sobre a tradição dos saberes em todos os tempos. Para responder é preciso remontar a história do conhecimento humano, principalmente aos tempos da Grécia antiga, quando era comum que se chamassem todos os saberes, dominados até então, como Filosofia.
De certa forma isso faz sentido até os dias de hoje. Primeiro porque quando se fala em áreas como Matemática, História ou Direito, por exemplo, está se falando de uma disciplina em que alguém estuda somente os conteúdos ligados e passa a usá-la como profissão. Isso não acontecia nos primórdios greco-romanos, pelo contrário, as pessoas estudavam uma dada área por vontade, gosto, interesse e se quisessem estudar mais outra e mais outra, parcial ou integralmente, estudava. Nem de perto se pensava que esses estudos seriam o seu ganha pão.
A busca pelo conhecimento era por um "querer conhecer" em si, por um "amor ao saber". Por isso, a etimologia da palavra era adequada; estava retratada a natureza humana que desperta ante a complexidade do mundo que o cerca. A modernidade enquadrou os diversos saberes, delimitando áreas, estabelecendo objetos de investigação e seus métodos; e mais: as burocracias acadêmicas enquadraram seus mestres em biólogos, juristas, matemáticos, sociólogos etc., profissionais, agora dependentes de seus conhecimentos para sobreviver em um sistema que o consumo dita a regras de viver e em um fetiche do dinheiro, o que dificulta ainda mais o entendimento a respeito.
O que restou à Filosofia? Perdeu a razão de existir? Ou, a filosofia é uma totalidade perdida? Ora, os saberes foram delimitados pelo pensamento cartesiano da modernidade, mas sobreviveu e continua presente nas academias e ostenta nomes indispensáveis para entender a sobrevivência da humanidade com toda a complexidade de suas relações como Rousseau, Kant, Hegel, Heidegger, Derrida, entre tantos outros.
Acontece que as delimitações aconteceram, mas ficaram os hiatos, os espaços entre as disciplinas que nem uma nem outra se acercaram e nesse vão cabe a filosofia dos tempos atuais investigar e dar os retornos que se esperam. A Filosofia é sim uma ciência, mas sem a pretenção de se fechar em um saber estanque. Mais que um saber delimitado é uma resposta que os humanos dão a si próprios na angústia por se perceberem como consciências de suas próprias existências.

Um comentário:

  1. Lembrei-se da aula de sexta, professor!
    A filosofia me libertou da religião, por isso sou muito grato a ela!
    As dúvidas e o questionar-se é que nos elevam e nos permitem ficar cada dia mais conscientes.

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