Viver um regime político, se considerar um revolucionário libertário, um socialista, ou um democrata, implica em algo mais que a política em si. Implica na capacidade de conhecimentos sobre áreas relevantes para o entendimento da vida humana. Se não houver esse entendimento, se na houver o conhecimento sobre o objeto em questão, toda e qualquer forma de ação, de ingerência na sociedade estará comprometida.
Quando o pensador italiano, Antônio Gramsci, afirmou que o socialismo necessita ser entendido - e aí se encontra, para ele, a necessidade de educação - e que a percepção da complexidade das relações sociais não acontece de uma forma natural, mas depois de esforços para entender os meandros, as particularidades. Acontece que há pontos convergentes e divergentes na busca das relações e isso dificulta o entendimento, o que leva as pessoas a se distanciarem das possibilidades de apreensão do objeto em si.
Em geral, têm-se a certeza de que a educação é o instrumento necessário para o avanço social, para a democracia, a cidadania - essas coisas, mas poucos se apercebem da importância de se fazer a pergunta: que educação é essa e como ela deve ser?Certamente que os saberes lecionados nas escolas sempre serão importantes e necessários para o indivíduo como um todo; a frase cristiana já lembrara: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
Mas não se pode negar a complexidade das relações entre os humanos, esses seres da racionalidade com os seus medos, frustrações, vontades, culturas, princípios etc, e isso leva a tipos de personalidades muito diferentes. Aliás, as ciências que estudam as relações sociais, a política, a psiquê e a cultura humana se aceitam como "não exatas", como disciplinas complexas por excelência, onde um mais um não necessariamente será dois.
Isso não quer dizer que um homem cônscio politicamente, com responsabilidades sobre sua sociedade, terá que ser antropólogo, sociólogo, psicólogo ou politicólogo, mas também não deve ser um inteiro analfabeto nessas áreas. Ora, essas ciências mostram que cada povo tem sua cultura como algo natural, como parte de sua existência, que cada indivíduo é moldado na própria sociedade, que sabedoria faz sabedoria, que pobreza gera pobreza, que ódio gera ódio e que bondade gera bondade, mas que isso também não é só assim simplesmente: há ainda uma subjetividade implicante na totalidade. Além do que, mais que grandes conhecimentos científicos, cidadania implica em um acompanhamento sistemático dos fatos ocorrentes na sociedade, com suas decisões gernamentais, votações no parlamento, decisões de ministros e desembargadores etc.
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