O simples fato de se fazer um discursos, gritar as quatro ventos, contra os programas políticos que se identificam como de esquerda, não habilita alguém a se autodenominar de direita. Esses dois conceitos - direito e esquerda - são complexos e necessita-se de debates mais aprofundados para entender as suas interrelações e isso não se faz com pouca ou nenhuma leitura a respeito.
Certas pessoas se espoem em debates com afirmações indevidas, completamente desconectadas da coisa em si. Fazendo isso expõem a si próprias, mostram o quanto não sabem sobre aquilo que falam; brigam e defendem o que não entendem. Isso não é ser de direita, mas com isso também não é ser de esquerda; o que se pode dizer é que essas pessoas simplesmente não são.
Ora, direita ou esquerda são programas políticos e as pessoas, denominadas como tal, são aquelas que, ao conhecerem tais programas, se identificam com uma das posições. Os programas políticos definem a posição que o estado deve ter diante de temas prementes para a populacao; por exemplo: deve-se investir em educação (educação pública, financiamento estudantil, bolsas), deve-se investir em saúde (SUS, SAMU), deve-se investir em segurança etc; esses são programas da esquerda pois a chamada direita defende o estado mínimo e/ou a sua ausência total.
Mas a relação direita/esquerda é mais que isso. Para entender implica-se conhecimentos de Economia de Política, de Ética, de História e de Marketing. É preciso conhecer as relações em uma dada sociedade: por que alguns são tão ricos e outros são tão pobres; qual a dinâmica que leva a tão poucos terem tanto e tantos terem tão pouco? Claro, aí implica ainda discussões de ordem cristã, de ordem ideológica, de dominação, de exploração e outros conceitos.
Fazendo certas defesas, mas sendo desconhecedoras dos meandros que envolvem o debate, as pessoas acabam se expondo já que fazem defesas de pontos que sabidamente é contra a sua própria existência. Como pode um funcionário público, um estudante bolsista, ou usuário do SUS (Sistema Único de Saúde) defender o estado mínimo. Não há lógica. São questões básicas, qualquer primeiranista de Economia, ou que um dia já leu um livro de Ciência Política, sabe que estado mínimo significa ausência do poder público em serviços essenciais.
Aqueles que têm muito dinheiro (e esse "muito dinheiro" são bilhões) defenderem posições contrárias ao welfare state, condição alcançada por países de economia estável, com bom IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e alto nível educacional. Portanto, se dizer de direita, fazer a defesa de um pensamento cujo o nexo é contrário à sua condição de existência só é possível ter uma explicação, o desconhecimento do objeto de seu próprio discurso.
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