sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Sociedades e Estados

Muito se discute sobre o papel do estado em uma sociedade (estado mínimo, estado máximo e eliminação total) e aí desfilam as diversas teorias desde anarquistas, e socialistas até liberais. O problema é que unificam as discussões como se todas as sociedades fossem exatamente iguais e, portanto, se devessem pensar essa instituição de forma exatamente igual para todos os povos.
Essa questão liga-se diretamente à solução encontrada por John Locke, frente ao debate entre Thomás Hobbes e Jean-Jacques Rousseau. A questão dada era: o homem é bom por natureza e o sistema é que o oprime ou, ao contrário, o homem é mau, mas o sistema é que o corrige? Ora, nem um e nem outro; o sistema, o estado, o contrato, será bom ou será ruim dependendo daquilo que o povo o fizer.
Sim, os homens que mantém o estado funcionando com suas leis, decretos, portarias e toda a sorte de articulações políticas não são pessoas apartadas da sociedade, mas filhos e filhas das famílias nascidas da mesma população. Burocratas, concursados, indicados ou eleitos, todos trazem das suas crenças herdadas de pais, tios, avós, professores e comunidade em geral, o modo como a coisa pública deve ser tratada; aliás, vem daí a noção que cada um tem de público e de privado, a de noção ética na execução das atividades e assim por diante.
Não se pode esperar laranja de bananeira, as pessoas são resultados de suas origens.
Um povo educado, ético, respeitoso terá homens e mulheres que ocupam cargos a frente ao estado com educação, com ética e respeito; igualmente é o seu inverso: um povo ganancioso, sem respeito ao outro, que se posiciona sempre como superior tentando levar vantagem em tudo, terá governantes e burocratas do mesmo naipe. O estado é sim um conjunto de leis agregadas sob a égide de uma constituição, mas tudo articulado funciona como uma máquina operada por pessoas de carne e osso com costumes, frustrações, princípios, saberes e falhas.
O estado bom, com leis e decisões políticas que vão ao encontro das necessidades da população, é comandado por pessoas, filhos e filhas da mesma sociedade, assim como o estado ruim, aquele que vai de encontro aos anseios das pessoas. Há um erro de análise estabelecer o nexo dos desmandos, de acertos e desacertos como originários das políticas do estado. A ordem é essa: a origem é a ação da sociedade frente ao estado e o fim é que são as ações do estado frente à sociedade.

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