quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Entre o Operário e o Escravo

Já se disse que a história do mundo nada mais tem sido que a constante luta entre ricos e pobres, dominados e dominadores, explorados e exploradores; se nos tempos atuais se fala em capital e trabalho, em empregados e empregadores, em outras épocas falava-se em nobres e servos, em escravos e senhores. Pensar a escravidão e relaciona-la ao mundo do trabalho, por mais que se falem e escrevam pelas esquinas, exige-se muita investigação histórica, econômica, política e sociológica devido à sua complexidade.
Na modernidade, o conceito de escravo é pensado como o de uma pessoa, destituída de sua dignidade humana (comprada e vendida, ou trocada), posta para trabalhos forçados e recebendo apenas as condições mínimas de existência. A palavra Sklave (Alemão), esclave (Francês), esclavo (Espanhol) e, no Português, escravo, remonta o final da Idade Antiga e primeira metade da Idade Media, quando o Império Bizantino passou a escravizar os eslavos, seguido pelos monarcas germanos.
Os eslavos também eram arianos (povos indo-europeus) como a maior parte dos europeus, mas em geral suas tribos eram presas e vendidas para trabalhos nas plantações e minas, principalmente no leste europeu. Hoje, de origem eslava são os russos europeus, uma parte dos poloneses, os ucranianos, sérvios, croatas etc
Outros conceitos se associam como o de cativo (do Latim, captivum), aquele que é capturado, antigamente usado para presos de guerra - usados para o trabalho forçado, e servo - uma espécie de escravo em que o senhor sente-se com uma série de obrigações religiosas e morais sobre o indivíduo. Ou operário, aquele que opera as máquinas da indústria em um sistema de produção; nesse último, há ainda uma história de lutas de dois séculos por melhores condições de trabalho que vão desde a inexistência total de amparo legal até um série de conquistas conseguidas das lutas.
No mundo do trabalho dos tempos atuais, relacionar escravidão com o sistema de trabalhadores empregados (flexibilizando - uma palavra perigosa porque significa o fraco sedento para o forte) é, acima de tudo, dizer que se está voltando para os tempos da antiguidade. Ora, se o que se tem de avanços na modernidade é uma estrutura de estado com liberdade, igualdade, mas também com fraternidade e equidade, qualquer flexibilização é retorno e o retorno é escravidão.

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