As várias sociedades, ao longo dos tempos, definiram e definem as pessoas como os normais e os anormais, os confiáveis diante de uma ação e os não confiáveis, aqueles que possuem a capacidade de consciência frente às conjunturas e os incapacitados. Nos tempos atuais é comum que se simplifique em apenas os certos e os loucos, ou os sábios e os tolos, ou ainda os conhecedores e os ignorantes.
Já se quis excluir os "anormais" do convívio social alegando que não estariam aptos, tanto por sofrerem com isso quanto por fazerem os outros sofrerem e assim por diante; mas também já se fez uma série de discursos e práticas pela inclusão com argumentos de que a cura estaria no convívio. Um dado interessante disso é que ninguém se sente o anormal, ou louco, apesar de as gerações pós-anos-sessenta - mesmo não aceitando serem chamadas de ignorantes ou de imbecis - vêm com simpatia o trato de louco, de diferente, ou de anormal.
Assim também determinados grupos políticos, contestadores do status quo, e mesmo grupos dentro da academia, como negação ao sistema econômico e social, se apresentam como aqueles que renegam o que se entende como normalidade. Nesse caso, talvez, a análise seja um tanto diferente, pois todos se acham normais, só que alguns se acham mais normais que outros.
No entanto, o anormal não necessita ser necessariamente louco, mas alguém de posse de suas faculdades mentais, porém com entendimentos distorcidos em relação a maioria pactuada, como é o caso do canalha e do imbecil. Em ambos os casos, por algum motivo, os entendimento não coadunam com os ditos normais, ou ainda: não coadunam com aqueles que seguem o que se aceita como normas gerais.
Mas há uma diferença fundamental entre esses dois, o imbecil e o canalha. Enquanto o primeiro destoa porque não sabe o que está acontecendo, não conhece as linhas dos fatos e ao se aproximar de alguém com falas prontas, bem feitas se ilude -podendo agir contra si próprio - e, o segundo, mesmo sabendo dos fatos, entendendo a conjuntura que se apresenta, desvirtua os dados para satisfazer os seus interesses.
O canalha tem uma natureza perversa, carrega dentro de si uma vontade de maldade e contraria os interesses da maioria do grupo em benefício próprio, enquanto o imbecil tem ou não tem maldade; apesar de que o que lhe faz imbecil não é exatamente a maldade, mas a sua ignorância. Acontece que o imbecil não sabe que é imbecil e quando souber, se souber, deixará de ser imbecil.
Maravilhoso texto, professor!
ResponderExcluirTenho medo é dos canalhas.
Quando o imbecil adquire consciência, ele sai da escuridão em direção à luz... Pouco a pouco, começa a enxergar... E reconhece o quão imbecil era... O quão manipulado era... O imbecil tem cura: eu me curei. O canalha talvez não, haja vista se alimentar da sua canalhice!