Muito comum que pessoas da América Latina, África e Ásia visitem países europeus e fiquem extasiadas com os inúmeros palácios e castelos com idades milenares, além de torres, obeliscos e monumentos às grandes personagens que fizeram a história desses povos. Nos museus, ficam encantados com as obras de artistas renomados como Renoir, Michelângelo, Van Gogh, entre outros; visitam a casa onde morou Shakespeare, Kant, Nietzche etc.
Quando voltam para seus povos, contam maravilhados o que viram e expõem as fotos feitas na viagem, também admiradas pelos que não saíram de casa; alguns chegam a afirmar que se identificam com os países visitados e o modo de vida daquelas sociedades. No entanto, dificilmente tais pessoas percebem que esses povos fizeram a tarefa de casa: diminuíram as diferenças sociais - estabelecendo impostos para as grandes fortunas - impuseram salários justos para todos acabando assim com as grandes diferenças salariais e investiram em educação. Ora, nesses lugares a educação, a saúde, a segurança têm boa qualidade e não é por isso que as pessoas mais abastadas usufruem desses serviço, mas - ao contrário - esses serviços são satisfatórios porque todos os usam e com responsabilidade.
Quando o escritor francês, Marcel Proust, escreveu que: "A verdadeira viagem da descoberta consiste não em buscar novas paisagens, mas em ter olhares novos", parecia estar a nos dizer algo a esse respeito. Parece que o autor de Em Busca do Tempo Perdido estava a nos dizer que mais que as aparências das paisagens é preciso entender e buscar para si o exemplo do que o outro fizera de melhor.
Esses mesmo viajantes pelo "velho mundo", quando retornam às suas comunidades, não conseguem perceber a importância da distribuição de renda, da reforma agrária, da taxação das grandes fortunas e continuam a deixar em segundo plano a educação pública, a saúde pública e a segurança pública. Em suas comunidades, mesmo ainda excitados pelo que viram em suas andanças, fazem da própria viajem um motivo a mais para se definirem como superiores aos seus e tudo continua como dantes.
O que podemos entender? Para além dos castelos e monumentos, os povos têm a mostrar a sua maneira de ver e de fazer política e que essa não é uma torcida organizada em que uns são a favor e outros são contra. É também Marcel Proust que no diz: "Deixemos que a beleza feminina fique para os homens sem imaginação!"
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