segunda-feira, 24 de outubro de 2016
A Burocracia e a Desumanização do Burocrata
Por mais que alguém se posicione contra a ordem burocrática, contra a sistematização dos processos, ou contra as hierarquias, há que pensar na sua extrema necessidade em uma sociedade complexa dos dias atuais. O que se esquece é que toda sistematização é feita por pessoas, com os seus vícios, suas frustrações e induções ideológicas. Em outras palavras: em vez de querer corrigir a burocracia é preciso que esse alguém, antes pense em corrigir o burocrata, um ser que se desumaniza quando faz parte de uma ordem, como se engrenagem de uma máquina fosse.
Parece contraditório ressaltar a importância fundamental, a necessidade da burocracia para os dias atuais e, ao mesmo tempo, falar que o burocrata é alguém que, no exercício da função, abandona a sua condição humana. Mas não é. Acontece que há um disparate fundamental na relação homem/sistema.
O que se quer ressaltar é que a burocracia foi criada para servir aos homens, não os homens feitos para servir a burocracia. Os processos organizadores, historicamente em toda a racionalização, devem ser pensados enquanto auxiliares da vida humana, não como sistemas existentes por si mesmos, não questionáveis, como se fossem deixados por divindades desde o começo dos tempos. Para alguns burocratas sim, o sistema não pode ser alterado simplesmente por que é assim.
Ora, o grande ganho da burocracia foi a possibilidade de os humanos poderem se organizar de tal forma que a população se expandiu, desenvolveu sua economia, sua ciência, sua arte e sua tecnologia; por outro lado, a grande perda, como sua extensão, foi a desumanização dos atores sociais. Os burocratas são humanos, mas humanos que se desumanizam, seres entristecidos na repetição de suas funções e, como tal, sentem a necessidade desenfreada de desumanizar ainda os demais membros da sociedade, exatamente aqueles a quem deveriam servir.
Eles desumanizam a si e aos outros quando não pensam como agentes de um sistema que presta serviço, quando repetem suas funções apenas por repetirem, quando não vêm o todo social, mas somente a pequena parte que lhe cabe. Desumanizam-se quando se sentem investidos de poder, pelo controle da sua pequena parte e, como tal, lançam-se, com arrogância, contra os seus senhores, o cidadão, aquele a quem deveriam servir.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário