sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O Romantismo e o Idealismo Alemão

Para muito além dos entendimentos produzidos pelo senso comum em que o agente é mostrado, ou como frágil em seu pensamento, ou como suscetível às relações enamoradas, o Romantismo é antes de tudo uma corrente artística engajada ao Idealismo Alemão. Uma corrente mostrada pela história da arte como a maneira de ver o mundo com uma cor diferenciada, valorizando o heroísmo, o desprendimento, as coisas nacionais e a vontade do agente, como motor de transformação. Tudo começou com Emanuel Kant quando, ao ler o empirista Davi Hume, disse que despertou do “sono dogmático”, aceitando que o conhecimento elaborado pela mente necessita receber, primeiro, as informações através dos aparelhos sensoriais, mas que mas que estará continuamente reelaborando os seus entendimentos. Ou ainda: além das informações recebidas pela visão, paladar, tato, ouvido e olfato, o cérebro produz continuamente outros conhecimentos, no que chamou de “juízo analítico”. Com isso, o pensador solitário de Koenigsberg trouxe para filosofia uma nova forma de ver a si e aos outros, bem como todas as noções de certo e errado: uma noção que leva em conta a história. Para ele, a preocupação não deve ser a definição do objeto que se depara, mas o que o sujeito entende por tal objeto. Estaria assim, fazendo uma “revolução copernicana na filosofia”: os homens não trabalham com as coisas em si, mas sim com o que se produz nas mentes. A realidade acontece na mente, o restante são possibilidades. Esse pensamento de valorização do indivíduo como agente fundamental do entendimento político, econômico, científico e artístico generalizou-se sendo chamado na filosofia como Idealismo Alemão e na arte como Romantismo. Sem muito estranhamento, esse último passou a mostrar na música, na literatura ou no teatro o homem como um ser de consciência, que se percebe como indivíduo, mas também enquanto categoria, enquanto nação e que tem o ímpeto da transformação. Por isso, o romantismo ao mesmo tempo em que mostra o herói, aquele que redime uma raça, uma nação ou uma causa qualquer, é também aquele que percebe a importância histórica do indivíduo assim como as suas raízes mais singulares. Da mesma forma os pensadores posteriores, de Marx a Adorno, de Nietzsche a Heidegger, alguns concordando, outros renegando, mas todos trazem em si a marca do pensador de Koenigsberg. Todos um tanto românticos.

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