quarta-feira, 16 de novembro de 2016
Liberdade
Quando Immanuel Kant, racionalista que era, se confrontou com o pensamento empirista de David Hume estava levantada uma das questões fundamentais que deu forma à filosofia moderna: a relação entre o homem e a sua liberdade. A pergunta que se formou foi: os homens são verdadeiramente livres, portanto responsáveis por seus atos, ou tudo que fazem são resultados de algo anterior?
Na idade Média e na Idade Antiga já se falava em livre-arbítrio – não fosse assim não poderia haver a ideia da culpa, do pecado e de toda estrutura moral - mas o pensamento político, de um modo geral, estava atrelado ao religioso. Portanto, foi só na modernidade que o conceito, perseguido pelos iluministas, seria determinado pela a razão; somente a razão estaria a frente de todas as buscas por conhecimento, decisões e acordos. O homem seria, então, o único ser livre, já que dotado da razão.
A raça humana se elegeu, nesse período, como aquela que encontrou a verdade, ou, que através da razão, teria os métodos necessários para encontrá-la; doravante, estaria coberta pelo “manto de aço” da razão, portanto, “condenada à liberdade”. A era moderna levou tão profundamente essa relação entre razão e liberdade que proclamou o momento como o período da maturidade humana e tudo que houve anteriormente como momentos de mentalidade adolescente ou infantil.
E quando Kant se defrontou com o pensamento de Hume percebeu que o empirismo do pensador escocês não abria espaço para o conceito de liberdade. Se tudo se relaciona a partir de causa e efeito, tudo que é, só é por conta de algo que já acontecera anteriormente. Para o empirista, todas as decisões políticas e ideológicas de um indivíduo só acontecem por uma formação ocorrida a partir de tudo que recebeu em sua mente, através de seus aparelhos sensoriais.
Kant, então, pensou na necessidade de enfatizar a existência da liberdade, uma tradição ocidental, construída há séculos, e sem ela não se poderia pensar a ética ou o direito. O pensador alemão reafirmou sua proposição afirmando que nem tudo que se pensa é resultado exclusivamente da recepção sensorial, mas também fruto da crítica e os juízos produzidos na mente. Portanto, pode haver liberdade, sim. Mas, mesmo assim, ele ressalvou que a liberdade é um daqueles conceitos paradoxais, impossíveis de ser destrinchado, o que chamou de uma das “antinomias da razão”.
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