sexta-feira, 4 de novembro de 2016
O Mito, o Pensamento e a Fé
Uma das características dos humanos é o pensamento. Desde que criou essa coisa chamada consciência quis saber de onde veio e para onde vai. Depois quis saber mais: “quem somos nós esses seres que inventaram a escrita, a arte, a ciência e a religião?” Sem respostas finais, uma aflição penetrou e penetra em sua alma.
Foi assim que, nos primórdios da humanidade, a primeira forma de pensar, de buscar essas respostas, foi o pensamento mítico. Sim, os mitos, essas narrativas ficcionais a partir da criação de seres fantásticos, mas que relatam a realidade vivida pelos grupos humanos.
Por exemplo, um mito bastante conhecido no Ocidente, desde os tempos antigos é a história de Narciso, um indivíduo que se apaixona por sua própria imagem refletida nas águas de um lago. Esse homem de fato não existiu, mas o seu relato leva a indagações sobre o amor próprio, sobre o amor elo outro; bem como sobre o egoísmo e a própria idéia de mal.
Mas é preciso tomar cuidado com o uso do termo, tendo em vista que pode conduzir a preconceitos e a um estranhamento ao diferente. Isso porque, quando as pessoas dão alguma explicação de ordem religiosa, ou cosmogônica, consideram como sendo mito o relato do outro: sua crença é fé verdadeira, a do outro é mito.
Se o pensamento mítico é um primeiro passo para o entendimento concreto da existência, num determinado momento esse pensamento deu lugar ao filosófico. Estudiosos afirmam que essa mudança só aconteceu devido ao surgimento da escrita, à positivação da lei e à invenção da moeda. A escrita porque é um fenômeno que não é a coisa em si, mas que a representa e que teve o potencial de arrancar a humanidade da sua oralidade; a lei positiva porque codificou as relações, orientou e o ordenou os grupos; assim como a moeda que tem em si o valor da aquisição de um bem ou de um serviço, mas que não é o bem, nem o serviço.
Se a humanidade busca continuamente um pensamento mais concreto e se isso se sedimentou com o surgimento da Filosofia, os mitos não morreram. Homens e mulheres continuam a se impressionar com sua existência, com o mundo a sua volta e estabelece explicações teológicas para a realidade que se defronta.
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