quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Os Sofistas e a Medida de Todas as Coisas

Um dos grandes embates, de ordem filosófica, na antiguidade, eram os ataques mútuos, entre socráticos e sofistas. Acontece que, para os socráticos (Sócrates, Platão, Aristóteles, e outros), existe de uma verdade absoluta a ser perseguida: uma verdadeira justiça, uma verdadeira ética, um verdadeiro amor etc. E isso era contrário ao que afirmavam os sofistas; para eles não existia algo definitivo a ser buscado como uma única verdade. Os sofistas questionaram a sabedoria recebida pelos deuses reverenciados por todos, assim como a supremacia da cultura grega. Eles argumentavam que as práticas culturais existiam em função das convenções humanas e que os atos morais ou imorais, não poderiam ser julgados fora do seu contexto na sociedade em que ocorreu. Eles ensinavam que todo e qualquer argumento poderia ser refutado por outro argumento e que a efetividade de um dado discurso reside apenas na verossimilhança perante uma dada platéia. Os sofistas, na antiguidade Grega, eram mestres pensadores que viajavam de cidade em cidade se apresentando em praças públicas e arenas, fazendo discursos e atraindo discípulos para seus ensinamentos. O foco do seu pensamento se concentrava no logos, ou discurso, ou estratégias de argumentação. Eles alegavam que podiam educar seus discípulos nesse pensamento, pois a virtude seria passível de ser ensinada. Entre os grandes nomes sofistas, Protágoras (492 aC. - 422 aC.) e Górgias (483 aC. - 376 aC.) estão entre os mais conhecidos. Protágoras foi o primeiro a aceitar pagamento por seus ensinamentos, o que seria uma desonra para os pensadores gregos. É dele a conhecida frase "o homem é a medida de todas as coisas” e retrata com clareza os ensinamentos sofistas. Para a história do Direito foram eles os primeiros advogados do mundo, pelo fato de cobrarem dos seus clientes para efetuar suas defesas, devido a sua alta capacidade de argumentação. Os sofistas são também considerados, por alguns cientistas políticos atuais, os guardiões da democracia na antiguidade, tendo em vista que aceitavam a relatividade da verdade; isso porque a aceitação do ponto de vista do pensamento alheio é a pedra fundamental da democracia moderna. Independente de qualquer preconceito formado contra os sofistas, eles foram os primeiros a romperem com a preocupação pré-socrática de uma constituição física da natureza em uma unidade originária (a physis), iniciada ainda com Tales de Mileto. Alem do que, foram eles os grandes provocadores do pensamento grego, que levaram Sócrates, e outros de sua época, a pensarem o homem e o seu meio.

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