Um dos maiores males da humanidade é a hipocrisia, uma espécie de fingimento em que a pessoa tem consciência de ser aquilo que é, mas diz, faz e tenta ser, ou parecer, o que não é. Isso, no entanto, não pode ser pensado como uma mentira simplesmente, pois essa paira no campo do discurso falso, no dizer a falsidade. A hipocrisia é mais que isso, implica em um discurso, mas também em ações falsas.
Pessoas que agem com propósitos maldosos já existiram em todos os tempos; algo que é inerente à raça humana, mas que na atualidade isso tem aumentado grandemente. E esse aumento se deve a vários fatores; entre eles o meio cultural em que se está inserido e a estrutura psíquica do indivíduo, por exemplo, mas deve-se principalmente à força da economia capitalista que, na defesa da propriedade privada, conduz as pessoas a uma tentativa constante de ostentação e, consequentemente, a uma necessidade de parecer o que, em geral, não é. Nesse sentido as condições foram mudando, num primeiro momento as pessoas precisavam demonstrar que eram alguém para serem aceitas na sociedade em que viviam, em outro momento, precisavam ter algo de próprio e isso era o que lhes dava prestígio; atualmente, tudo foi substituído apenas pelo parecer. Não precisa mais ser ou ter, apenas parecer que é ou que tem.
A hipocrisia é a ação de fingir virtudes, ideias, crenças e sentimentos que na verdade não se têm. Etimologicamente deriva do Latim hypocrisis e/ou do Grego hupokrisis; ambas significavam uma representação artística, uma atuação, um fingimento no sentido teatral. Mas a palavra que outrora significou o ofício do ator passou depois a designar a atitude de qualquer pessoa que representa, que finge determinados comportamentos.
Algumas pessoas deixam isso transparecer quando fazem exposições afirmando a necessidade de se amar uns aos outros, ou fazem condenações às práticas desonestas, mas em outras ocasiões essas mesmas pessoas expressam o ódio ou praticam atos injustos, ou desonestos (se é que esses dois conceitos podem ser entendidos separadamente). Acontece que aquele que pratica o mal não o vê como mal, mas como algo que pelo momento é o que deveria ser feito.
Assim, o hipócrita não se vê como tal, de modo que o indivíduo que se pode imputar-lhe o adjetivo recusaria-o de imediato, mas do contrário aquele que não é tem consciência de não o ser. Dessa forma, o hipócrita é um indivíduo incapaz de se ver como tal e o é por essa incapacidade; portanto, no primeiro momento em que ele se percebe nessa condição possibilita a si mesmo a mudança.
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