A expressão remonta ainda a segunda metade da Idade Média quando os artesãos se agrupavam nas chamadas corporações de ofício e essas, por sua vez, nas guildas de cada país de acordo com os tipos de atividades. Os cauteleiros, os armeiros, os marceneiros, os pedreiros etc., se agrupavam em entidades herméticas que mais pareciam seitas religiosas, tratavam entre si como irmãos e as suas reuniões eram realizadas com ritos religiosos, frases prontas e orações católicas e em uma mistura de culto religioso e discussões políticas com interesses profissionais. Há que dês dizer que essas associações tinham a beneplácito da Igreja.
A ideia era a de proteção ao mercado dos trabalhos que realizavam com o intuito de que outros profissionais locais, ou de fora, não desempenhassem atividades sem ser admitido pelo grupo ou, pelo menos, autorizado. E o espírito de corpo dessas associações era tão forte e funcionava tão corretamente que reis, príncipes, papas e senhores feudais respeitavam as decisões que os membros tomavam.
Mas esse pensamento, pelo menos é o que se percebe nos tempos atuais, é prejudicial à própria entidade tendo em vista que faz a defesa dos membros de forma incondicional, pelo simples fato de fazer parte do grupo. Acontece que essa atitude acaba tirando a possibilidade de crítica, fenômeno depurativo que extrai os discursos e as práticas que na essência são contrárias aos interesses do grupo e da sociedade.
O pensamento crítico vai além do pensamento corporativista porque, enquanto esse último está preocupado em proteger o indivíduo de forma inconsequente, relevando erros nas condutas e práticas profissionais danosas, o outro, protege-o extirpando todos os males encontrados como forma de elevação do todo. O conceito de crítica entrou no pensamento filosófico por Immanuel Kant com a noção de algo que busca os pontos considerados falhos, os erros e as contrariedades que prejudicam o curso normal.
O corporativismo é destituído de crítica, facilmente se instala em qualquer grupo de profissionais e quando faz desvirtua os interesses na sua essência. Quando se instala em grupos que atuam junto ao estado, como funcionários públicos, militares, procuradores, magistrados etc., prejudica não só as corporações e os profissionais em si, mas a sociedade como um todo.
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