Dentro de uma generalidade, pode-se afirmar que não existe propriamente uma ciência no Brasil se pensá-la como fenômeno livre para criar métodos e técnicas para investigar a natureza e criar procedimentos de interferências. Não existe porque o que tem sido feito é experimentar aquilo que os europeus ou estadunidenses já experimentam e fazem isso baseados em métodos, técnicas e conceitos ditados na Europa ou Estados Unidos. Seria isso um conceito de ciência subdesenvolvida?
No campo da filosofia é anda mas forte, estranho e difícil de entendimento e aceitação, pois se nas ciências existe um custo de montagem, custeio e manutenção de equipa, o que naturalmente tudo encarece e precariza, os estudos filosóficos se dão entre pessoas e livros. Da mesma forma, no Brasil não se faz filosofia, mas comentários aos filósofos alemães e franceses: um parágrafo e uma citação de Foucault, mais um parágrafo e uma citação de Heidegger, mais um parágrafo e uma citação de outro europeu e assim seguem.
Não haver ciência nas áreas da química, da biologia e da física em um país subdesenvolvido parece natural pois o custo é bastante alto em manutenção, mas no caso das ciências de base teórica e filosófica ocorre devido a atitude que se tem para com o estudioso. Não quer dizer que não haja grandes pensadores em terras do Brasil. O que ocorre é que se o brasileiro se aventura pelo mundo do pensamento e se faz um livre pensador, livre de qualquer amarras, condição necessária para pensar, será visto com desconfiança pelos seus pares, tratado com descrédito, quando não com sarcasmo.
Talvez a situação toda vá além do poder econômico e o seu subdesenvolvimento, já que alguns países latino-americanos têm mostrado que é possível uma ciência, uma arte ou filosofia além das amarras eurocêntricas e produzem, a despeito das dificuldades, trabalhos legítimos, originais. As dificuldades econômicas existem, mas é preciso que isso não deixe chegar a um subdesenvolvimento intelectual, dependente, copiador, sem alma, sem vida própria.
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