sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Do Poder

Por mais que as pessoas falem em poder econômico, ou em outras formas, o certo é que o poder é sempre político porque é um fenômeno de ordem relacional. Porém, se não existe poder econômico a atividade econômica é por excelência um instrumento de poder, mesmo que político, já que quem tem riquezas consegue com as suas posses fazer o outro, ou os outros, agirem conforme a sua vontade. 
Nesse caso, a riqueza é apenas um instrumento, assim como a arma de fogo é para alguém que a impunha e com ela faça as pessoas agirem conforme sua determinação, assim como o eloquente que fala de forma tão convincente, se utilizando de um discurso bem elaborado e que leva o outro a acreditar em cada palavra exposta, e daí por diante. São todas armas do homem gregário na defesa do seu território, da sua comida, dos seus iguais, nos seus interesses por mais riqueza, portanto mais força capaz impor ao outro.
É que o poder não pode ser pensado como uma substância em que alguns têm enquanto outros não, como se fosse algo a ser guardado em um pote, em um baú, e utilizado quando necessário; não, como já se disse é um fenômeno relacional, ou seja: acontece nas relações sociais e somente nas relações sociais. Porque em toda e qualquer relação pairam os jogos de interesses: ou a combinação de mesmos interesses com pequenas discórdias, ou muitas e, consequentemente, o confronto entre as vontades.
A discórdia é mais difícil porque se impõe ao discordante uma sustentação, quer seja discursiva ou um enfrentamento físico; ao contrário, a aceitação nada exige a não ser a supressão das próprias vontades.
Acontece que a política é a arte da negociação. As pessoas possuem suas necessidades, seus sonhos e frustrações, portanto seus interesses, mas a vida em grupo impõe alguns impedimentos para realizá-los já que algumas dessas vontades se confronta com as vontades de outro, ou de outros. Se não há negociação haverá o confronto, se não houver política haverá guerra. É aí que entra o poder como ação de uma pessoa ou de um grupo a impor a alguém em particular ou a um grupo de pessoas as suas vontades. 
Se a posse de riqueza é uma força de poder contra o outro, assim como a arma de fogo, ou outras formas, aquele que for despossuído de riquezas e também não quiser empunhar um arma de fogo, precisa se fazer usar de outros instrumentos para reapresentar suas vontades: a força unida do grupo ao qual faz parte e/ou a elaboração de argumentos convincentes. 

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