A ideia básica dessa relação selvageria/urbanidade é um entendimento que parte de um darwinismo social em que estabelece um evolucionismo consolidado na idade moderna e que dita a ideia de que os humanos evoluíram a partir de uma existência na selva, sem normas, sem princípios, para uma condição gregária com regras, cultura, princípios e estruturas maiorais. No século 18 os pensadores contratualistas foram os que mais transitaram por essa área quando estabeleceram o que chamaram de estado selvagem em contraposição do estado civil, o contrato social.
Certamente que as transformações que a pessoa humana viveu, e até a construção da humanidade propriamente, está intimamente ligada à cidade. Afinal, foi nela que surgiram a escrita, as leis, a moeda, o comércio, a política, o estado, a instituição igreja e tudo aquilo que se denomina como urbanidade. É também nas cidades que estão as ciências, a filosofia, as técnicas e todas as circunstâncias de saberes, os prédios, as grandes construções e todas as engenharias. E quando tudo isso chega à selva, a selva deixa de ser selva e se tonar mais um espaço urbano.
Acontece que por mais que a tradição estabeleça a selvageria como sendo a ausência de lei, da força de todos contra todos, da anomia e, a urbanidade, a existência do respeito, da dignidade, do estabelecimento das regras, isso não quer dizer haja uma relação direta com as palavras originárias, selva e urbe. As cidades são detentoras sim de de benefícios e mordomias, mas também estão carregadas de toda a sorte de mazelas e sofrimentos que nada coadunam com o entendimento de urbanidade. Por outro lado, os povos ditos selvagens estão muito além do conceito de selvageria, têm encontrado formas de convivência contrarias aos vividos nos espaços urbanos.
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