Seguindo linhas próximas às dos gregos, os demais povos ocidentais estabeleceram os seus sistemas bi-polares, maniqueístas, de anjos e demônios, do bem contra o mal, de machos e fêmeas, do sim como contrário ao não, do melhor e o pior, do ser e do não ser. Isso porque assentar a sociedade a partir de dois polos simplifica o sistema e fornece à estrutura linhas para o controle e, assim, à manutenção do poder.
Dessa forma, os povos chegaram aos entendimentos atuais, reforçados por um pensamento mais que maniqueístas e que paira em uma ordem necessariamente binária de zero e um, de um mais um e zero ou de zero mais zero e um. Acontece que essa construção intelectual simplista entrava qualquer ensejo em transcender para novas concepções, para novos olhares ou novos sistemas sociais e um engessamento toma conta do pensamento geral.
É nesse sentido a dificuldade de entender uma sociedade para além das condições de gênero estabelecidas pela normalidade dos costumes: homens e mulheres, humanos constituídos apenas como machos e fêmeas. Pensa-se isso como se o mundo devesse ser estruturado em apenas uma condição de dois polos, de preto e branco, de ricos e pobres, de crentes e ateus e assim por diante.
Certamente que os humanos precisam de machos e fêmeas para procriarem, fazendo nascer mais e mais pessoas no mundo, mas assim como entre o bem e o mal existe uma infinidade de outros comportamentos, que entre o preto e o branco existe uma infinidade de mais cores, os humanos não param por aí e desfilam um cem número de gêneros e diferentes comportamentos sexuais. Mas é a persistência nessa bipolaridade, na não aceitação de condições diferenciadas que gera o simplismo e que, por sua vez, leva ao medo e às práticas sociais excludentes.
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