Existem teorias econômicas, teorias sociais e políticas, mas não se pode dizer que alguma delas é uma teoria específica do capitalismo, algo que se possa pensar como teoria geral, que se possa chamar de um pensamento geral desse sistema econômico. Não existe porque o capitalismo não se assenta sobre uma estrutura lógica, com partes integradas, coerentes, mas em um conjunto de vontades que por sua vez pertencem a indivíduos com todas as suas cargas de subjetividade; portanto, frutos de fatores que vão das suas condições biológicas, às econômicas, psíquicas e sociais.
O que alguns economistas, cientistas políticos e sociólogos têm feito é juntarem migalhas de pontos soltos do regime baseado no capital e tentarem unir esses pontos em um grande "Frankstein". Alguns fazem isso numa tentativa de legitimar interesses de classes e, outros, para denunciar que tais interesses são provenientes das relações produzidas pelo regime.
E mesmo que liberais unam suas vozes em ode ao mercado e louvores ao estado mínimo, não estão dando ao regime econômico um nexo, uma teoria geral que explicite a dinâmica de suas entranhas. O que têm feito são apologias ao regime e enaltecimento ao estado mínimo como forma de liberar a economia privada do peso dos impostos e favorecer interesses de alguns indivíduos que querem incorporar o que for patrimônio público.
Os que chegaram mais próximo de uma teoria do capitalismo foram Adam Smith e Karl Marx. Enquanto Smith assegurou que o mercado não deveria ser freado pelo estado e que a origem da riqueza do homem e do poder está no trabalho e não no metalismo medieval, Marx seguiu seu pensamento, mas acrescentou que se na origem do trabalho está a riqueza da sociedade, então são os trabalhadores que devem assumir o controle político. No entanto, mesmo os dois tendo dedicado suas vidas em escarafunchar o regime nenhum dos dois o teorizou. Muito pelo contrário, cada um - à sua maneira - falou de um mundo bom, com fartura e até de igualdade. Enquanto um afirmou que isso só poderia acontecer pela economia de mercado, o outro acusou-a de provocar a dominação de uma classe sobre a outra.
Acontece que o capitalismo é essencialmente selvagem, não tem porta, não tem bandeira, não tem princípios, não tem moral, corre solto sem amarras. Ele está para a modernidade e se utiliza de todo o pensamento racional burocrático moderno, se utiliza da ciência do Direito e da Administração de Empresa, mas está calcado nas entranhas egoístas da paixões selvagens da humanidade. Ele subsiste de maneira incrustada nas mentes concorrenciais desses tempos, de disputas de todos contra todos, no egoísmo e na desconfiança geral.
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