quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Fascismo, Ontem e Hoje

Para ser simplista, pôde-se afirmar  que, muito diferente do liberalismo e do socialismo, o fascismo foi uma corrente política calcada na defesa extrema de uma dada cultura, de princípios,  de um idioma e costumes próprios. Simplista porque além dessas afirmações precisa se levar em conta o estado forte a impor vontades de um governante - ou de uma dada elite que o cerca - interferindo nas mais variadas instituições da sociedade.
Mas, para além do totalitarismo e do autoritarismo próprio do regime, talvez a essência do pensamento fascista esteja no seu próprio nome, na sua origem e no símbolo escolhido para representá-lo pelo italiano Benito Mussolini, na década de 1910. Tudo começou ainda no final do século 19, quando grupos paramilitares se auto-intitulavam fascistas e, na defesa de políticas que enaltecessem as causas nacionais, chegaram ao extremo em confrontos com imigrantes, com socialistas e liberais.
O termo remonta os antigos etruscos e depois, difundido no império romano, e vem do termo latino fasches - um feixe de varas podadas em um só tamanho, amarradas juntamente com um machado. Durante o império romano, certas autoridades eram precedidas por funcionários públicos que carregavam esse feixe de varas amarradas como símbolo de unidade: a ideia é de que uma vara pode ser quebradas, duas talvez, mas nunca um feixe muito grande.
Como os conceitos se alteram com o tempo, mudando pouco ou nada a sua essência, entretanto - em geral - com uso diferente, e assim foi o caso de fascismo. Não há hoje um governo que se auto-intitule fascista como modo ser, mas a palavra migrou para o dia a dia das pessoas, usada para a atitudes mandona, perversas e de exclusão. Se nos anos 20, 30, 40 e até 50 havia simpatia pelo regime e pessoas facilmente se auto-intitulavam fascistas, a partir dessas datas o termo cambou para um sentido pejorativo e não se encontra hoje mais alguém que aceite ser chamado como tal. Da mesma forma, os governos fascistas continuaram a existir e até os dias de hoje é possível se enquadrar certos regimes dessa forma, mas o termo - enquanto designação oficial de um governo - deixou de existir.
Nos tempos atuais se usa muito a palavra para designar atitudes de prepotência e exclusão de pessoas diferentes: quer seja de ordem racial, género, orientação sexual, faixa etária etc. Assim como determinadas corporações que se fecham em copa com o intuito de satisfazer apenas as suas próprias necessidades, ainda que isso aconteça em detrimento das necessidades dos outros.
Mesmo que os governos não sejam mais oficialmente fascistas e que se note um uso mais direcionado para pessoas em particular, se percebe uma ligação direta entre as pessoas aquém chamamos com esse adjetivo e os governos fascistas de outrora. Isso significa que as pessoas, a quem hoje identificamos como fascistas, prepotentes, mandonas, racistas, sexistas e homofóbicas, se estivessem a frente de um país seriam governantes fascistas nas mesmas condições do que existiam nas décadas de 20, 30, 40 e 50 do século 20.

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