Ja se falou muito sobre a ideia de vontades e de liberdades individuais; para alguns o livre-arbítrio é algo real, indiscutível, inerente à alma humana e, para outros, uma ilusão construída historicamente, com a função de determinar o controle entre as pessoas. Aliás, os conflitos que os humanos vivenciaram ao longo dos tempos não foram por outra coisa senão o encadeamento de fatos oriundos da ganância e da miséria sim, mas antes disso alimentados pelas noções de pecado ou de culpa como forças originais.
Marx e Freud (para ficar em apenas dois pensadores) se debruçaram sobre o tema para mostrar que, além das vontades imediatas, acreditadas como frutos da total liberdade vivida pela racionalidade humana. De um lado o conceito de ideologia e de superestrutura, um conjunto de ideias articuladas e coerentes entre si, mas que não refletem a realidade e, de outro, o inconsciente, um conjunto de pontos fortes incrustados na pessoa ainda nos seus primeiros anos de vida.
O pensador do Materialismo Histórico mostrou que, para além da produção material e pelo trabalho nessa produção material, as pessoas acabam por construírem concepções de mundo que darão as regras dos seus "quereres", construindo suas necessidades e vontades. Por outro lado, o criador da Psicanálise mostrou que além da consciência - esse estágio controlável da mente a determinar os destinos, há ainda um inconsciente, um fenômeno inerente a consciência, mas que se oculta e dá ordens determinante às pessoas.
O que nem o materialista e nem o psicanalista perceberam é que, às suas contribuições contra o livre-arbítrio, outros pontos podem se somar: as forças biológicas e as determinações institucionais como igreja, escolas, famílias etc. De modo que a vontade que se quer livre torna-se tomada por influências biológicas, sociais, políticas, econômicas, ideológicas e um leque imenso de outras interferências.
O que se percebe é que o pensamento que considera as liberdades individuais existe para que então exista a ideia de culpa e de pecado, portanto, a possibilidade de controle de uma classe sobre a outra com a imposição de leis, de princípios e costumes. Ora, não havendo culpa ou pecado também não haverá perdão, muito menos acusação ou defesa, não tendo assim como existir os julgamentos e mesmo as punições.
Nenhum comentário:
Postar um comentário